“Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante.
Do que ter
aquela velha opinião formada sobre tudo”...(Raul Seixas)
Começar algo não é
uma tarefa fácil...e terminar também não. Só quem já tentou terminar algo sabe
do que estou falando...terminar um relacionamento... pedir demissão...abandonar
um lugar, uma cidade, por um ponto final. Dar xeque-mate. Mas, não quer dizer
que isto seja algo ruim, quando terminamos algo, abrimos espaço para que algo
novo aconteça. A experiência destes 30 dias compartilhados com vocês leitores
foi uma experiência única, e já sinto antecipadamente uma saudade doída, que
meu velho amigo descreve muito bem:
“Ao final de nossas
longas andanças chegamos finalmente ao lugar. E o vemos então pela primeira
vez. Para isso caminhamos a vida inteira: para chegar ao lugar de onde
partimos. E, quando chegamos, é surpresa. É como se nunca o tivéssemos visto.
Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice,
de saudade”...(Rubem Alves)
Mas termino feliz, pois consegui cumprir com o prometido. E
o saldo disso tudo? Muito positivo, mais que me expor, mais que me
fotografar, ou ainda tentar escrever, eu tive respostas, apoios e incentivos de
pessoas que pareciam tão longe de mim, e agora as sinto tão perto. Sou grata a
cada um que leu, mesmo que anonimamente, e a todos os comentários, pertinentes e que me ajudaram sim, a me conhecer.
É certo que em 30 dias não mudou muita coisa, eu continuo na instabilidade profissional, nenhum rei encantado surgiu em minha vida ainda, e eu não engordei nem emagreci,
rs. Mas algo de extraordinário
aconteceu... eu pude sentir que, a cada post eu me reconhecia
mais e amadurecia mais um pouco... e ia me transformando. Eu construí
tijolos...e meu castelo deixou de ser de areia. E agora é só levantar as
paredes. E isso demanda dedicação, esforço e disciplina.
E esta transformação não é assim instantânea, imediata. Não
é de um dia para o outro que deixamos um monte de crenças erradas pra trás e
passamos a acreditar mais em nós mesmos, ou ainda aceitar as dificuldades com
resiliência (adoro esta palavra!). Esta transformação é como um quadro do
Escher, é um lagarto que vai virando pássaro lentamente, é um peixe que se transforma
em ondas...vagamente, gradativamente....encantadoramente.
Despedidas nunca são gostosas, é sempre aquela dorzinha de
ter que deixar pra trás alguma coisa, em prol de outra melhor. Não tirarei o blog
do ar, os posts, continuarão ali, como registro, mas agora sem o compromisso de
escrever diariamente. Talvez algum dia eu escreva novamente? Talvez…ou poste um
look que julgue interessante? talvez... mas o que mais sinto necessidade agora
é de foco. Ir atrás dos meus sonhos, me concentrar e escrever outras
linhas...um projeto de mestrado, talvez...
Temos que ser “metamorfoses ambulantes” e se reinventar, se
transformar a cada dia, a cada momento e se surpreender com o que encontramos
de belo no meio das pedras no caminho...afinal, pra voar como borboletas, é
preciso passar pela dor do casulo...
“ A alma é uma borboleta...há um instante em que uma voz nos
diz que chegou o momento de uma grande metamorfose”...(Rubem Alves)
LOOK 00: O vestido da Antix, com estampa inspirada na obra
do Escher que comprei antes de perder o emprego, era pra comemorar os meus quarenta anos em uma
noite especial...