quarta-feira, 31 de julho de 2013

Dia 06 - Pra casar...


“Você não é o tipo de mulher pra casar, você é, no máximo, pra passar um tempo”.

“Se você me deixar, você acha que vai conseguir o quê? No máximo uma meia dúzia de garotões mais jovens que gostam de mulheres mais velhas porque é mais fácil de dispensá-las.”

“Você nasceu pra ser solteira, é inteligente e bonita demais pra ser casada. Um homem busca uma mulher mais simplória pra esposa”.

Há quase 3 anos atrás ouvi estas doces palavras, de uma pessoa que dizia me amar, tão profundamente que ficou comigo por 8 anos. Ok. Devem estar chocados, mas como o propósito do blog é também exorcizar demônios, não que este não esteja exorcizado, morto e enterrado, mas os exponho aqui como alerta, pois assim como passei, acredito que muitas mulheres se sujeitam a passar por todo tipo de humilhação moral somente para não ficarem sozinhas.

Auto-piedade, baixa auto-estima, insegurança fazem que em determinados momentos da vida, você realmente acredite que é um lixo e que uma pessoa está com você por caridade, te prestando um favor. Oras, faz favor! se chega a esse nível, quem não serve pra você é a pessoa que está ao seu lado e me desculpem se carreguei na tinta, se está pesado demais, mas prometo que ficará leve no final.

E ainda devem estar se perguntando como permiti isso? Permiti porque achava que amor rimava com dor, que relação rimava com anulação, que ciúme doentio era sinônimo de cuidado e proteção.  Me anulei por anos a fio, tentei ser o que eu não era, tentei provar o tempo todo que era perfeita, mas sob um crivo e num grau absurdo de exigência que o meu amor-próprio se perdeu, minha auto-estima despencou e fiquei tão destruída emocionalmente que a idéia de ser abandonada simplismente me apavorava. 

Até quando comecei a me sentir completamente sozinha, abandonada, mas com alguém dentro de casa. Aí eu percebi que aquela não era eu, que eu não estava feliz e que tinha sim, que fazer algo de bom pra mim, que tinha que correr atrás de minha felicidade, mesmo que isto implicasse nas pragas da solidão profetizadas.

Não tenho medo da solidão. Convivo muito bem comigo mesma, e sei me divertir quando quero. E não estou “fechada pra balanço”, ou ainda “fechada para o amor” tanto que, depois de três meses separada, num lugar dos mais improváveis para conhecer alguém o cupido me flechou certeiramente, e catapluft! Lá estava eu de novo, caindo de amores. Mas este foi diferente, ele era um príncipe, me tratava tão bem e me falava palavras tão doces que me faziam sonhar acordada...me enchia de mimos e presentes, era um namoro tão perfeito que a sensação de ter encontrado a “alma gêmea” era tanta, que nos comunicávamos por telepatia. Mas...como todo príncipe, não demorou muito e ele virou sapo...e me machucou uma vez:

“você é a mulher certa pra mim, mas apareceu numa hora errada”...

E depois pediu pra voltar, e eu voltei, e depois sumiu. E partiu...o meu coração e a minha vida. E doeu, como doeu, e machucou, me moeu por dentro...e fiquei um bom tempo recolhendo os caquinhos de mim mesma. E demorou muito tempo para esquecê-lo, pois como esquecer alguém tão fincado em seu coração? Como? E com o tempo eu percebi que não precisava de um príncipe, pois sempre busquei um rei.

Mas eu consegui...e hoje estou livre, pronta de novo, pra amar, incondicionalmente. Mas sei que o amor acontece quando estamos distraídos...e que não preciso procurar nas baladas obscuras da vida, ou numa mesa de bar, num desespero total de pegar qualquer um. Eu vou saber reconhecê-lo, pelo sorriso, pelo toque das mãos, pelo olhar profundo que só quem enxerga a janela da alma sabe do que estou falando. E ele vai me reconhecer  e se encontrar em mim. O amor é simples.

Eu não tenho medo de ficar pra tia, pois na verdade eu já sou, e bastante coruja com uma sobrinha única. Não tenho medo de envelhecer e perder corpo, beleza e tudo mais. Tenho medo de perder a memória, a audição, parar de desenhar. Não tenho medo de não ter filhos (meus Deus, quantas mulheres se anulam por conta do desejo da maternidade! Nem se perguntam se tem mesmo vocação para serem mães! Perdem suas vidas, vivem frustradas e se projetam na sombra dos filhos!) até porque nunca é tarde para uma criança órfã ganhar um lar. E por fim, não tenho medo de amar, atento aqui para uma correção na música do Fabio Júnior: não somos metades.Somos laranjas inteiras. Somos tampa e panela. Somos antes de tudo, indivíduos, únicos, dotados de amor-próprio suficientes pra viver uma vida inteira sem alguém.  Quem se sente incompleto ou pela metade, o nome disso não é amor, é carência.

E, se for pra viver um novo amor, que ele seja leve como uma criança que brinca, calmo como a água de um rio, iluminado como um por-do-sol, terno (e não eterno) enquanto dure e que seja lindo na mais subjetiva das belezas, na do espírito e não do corpo, pois sabemos que, nesta vida estamos aqui só de passagem.

“desejo, que você tenha alguém pra amar, e quando estiver bem cansada, ainda, existe amor pra recomeçar, pra recomeçar”... (Frejat)


LOOK 06: look temático, hoje darei aula sobre Tropicalismo, e escolhi um vestidinho multicolorido da Benedito Calixto para alegrar esse inverno.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Dia 07 - Um pouco de música...


Gosto de indie rock, é fato, mas antes de virem os rótulos sobre os diversos estilos musicais, a minha relação com a música é antiga, e desde de que me entendo por gente, sempre associei momentos de minha vida com algum tipo de som.  Desde pequena,  meus pais sempre ouviram muita música e foram muito ao cinema, e eu, de certa forma absorvi (e agradeço) esta cultura toda. Por isso acredito que bom gosto nem sempre estão ligados à idade e sim à uma cultura musical iniciada ainda dentro de casa.

Com uns quatro ou cinco anos, me lembro de um engraçado episódio que considero talvez a “primeira briga com meus pais” rs. Estavam ouvindo o disco da Rita Lee - Fruto Proibido, em uma vitrolinha vermelha (que hoje é “vintage” e meu objeto de desejo...) e, eu sempre pedia pra repetir a música “ovelha negra”. E  não adiantava, era só mudar de música, eu gritava, sem nem falar direito ainda “de novo!!!”, e aí...lógico, acabei irritando-os. Jovens e inexperientes, sem uma super-nanny  por perto pra me dar jeito, eles deram fim à vitrolinha, mas o vinil eu guardo comigo até hoje...como uma relíquia!

Num outro momento, já um pouco mais crescidinha, mais ou menos uns 8 anos, enquanto ouvia  “ABBA Gold” , dancei tanto que me desequilibrei, caí, bati com a cabeça e desmaiei na hora...tudo isso ao som de “Dancing Queen”. Bem, isso não foi tão legal...mas eu me lembro da minha mãe tentando me reanimar e o refrão indo e voltando no meu ouvido: “You can dance...You can jive...Havind the time of your life”...rs

Quando na adolescência, época de radicalismo e conflitos musicais, me enveredei pelo heavy metal e de novo, protagonizei uma briga homérica com o meu pai por não ter me deixado ir ao "Rock in Rio I" pra ver o Ozzy, o Scorpions e Iron Maiden. Eu tinha 13 anos, e não, não fugi de casa, não passei a usar drogas e não pintei o meu cabelo de roxo...se bem que, fúcsia ficaria até bom pra aquela época.

Mas eu tenho uma teoria para maturidade musical, acredito que o nosso ouvido não está preparado para ouvir certos sons, e quando atingimos uma certa idade, parece que um canal escondido se abre e passamos a naturalmente perceber outros sons antes inimagináveis. Isso aconteceu comigo com os Smiths, Cure, Joy Division, New Order, a parte boa dos anos 80 inteira, o Fleetwood Mac, Yes... tantos outros  e é claro, com os Beatles. E para sairmos da esfera do rock, foi assim com o jazz, a MPB, o samba, o chorinho, a bossa nova e outros ritmos. (não inclusos  o funk, o pagode e sertanejos universitários ou não).

Sou capaz de cair em lágrimas numa roda bem tocada de chorinho...um dos dias mais felizes que tive foi quando pude presenciar os mestres do chorinho tocando ao vivo, num grupo “fechado e secreto” de um tradicional bairro daqui.

Hoje praticamente escuto de tudo um pouco e sou capaz de sair de órbita, abstrair todo o restante da cena, literalmente viajar quando uma canção me toca no fundo d´alma. Rubem Alves, que também adora música descreve brilhantemente este sentimento do qual partilho:

 “Há músicas que contêm memórias de momentos vividos. Trazem-nos de volta um passado. Lembramo-nos de lugares, objetos, rostos, gestos, sentimentos...Lembrar-se do passado é triste-alegre...Alegre porque houve beleza de que nos lembramos. Triste porque a beleza é apenas lembrança...Não mais existe. Mas há músicas que nos fazem retornar a um passado que nunca aconteceu. É uma saudade indefinível, sentimento puro, sem conteúdo. Não nos lembramos de nada. Apenas sentimos.” (A Alegria da Música)

Sentir a música, se abrir para o novo, se permitir ouvir sons que antes não conhecia ,criar uma nova história, é se abrir para novos caminhos, novos sentimentos, novas emoções. É ressignificar um momento passado e criar sim, uma nova trilha sonora pra si mesmo.

LOOK 07:  Look basiquinho para trabalhar quentinha em tons terrosos.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Dia 08 - velha infância...


Eu vim parar em São Paulo pela primeira vez com um ano de idade, e meus pais saíram do interior de Minas com a cara, a coragem, a juventude e um bebê loiro no colo pra tentar a sorte na cidade grande. E sem conhecer nada, se estabeleceram no bairro do Brás. Um bairro antigo, operário, cheio de fábricas, e referência na área de moda e têxtil, devido ao grande número de confecções fixadas ali. Hoje muita coisa mudou, o Brás não é mais o mesmo, se tornou mais violento, um grande número de asiáticos se instalaram ali e o comércio “informal” tomou conta de tal forma que fica difícil de transitar durante o dia, e perigosíssimo de andar à noite.

Mas, na minha época da Rua Padre Lima, onde morei nos primeiros anos, e depois na Rua Xavantes e por fim na minha adolescência na Rua Miller, adquiri uma visão diferente, no mínimo peculiar...pra mim, o Brás tem gosto e cheiro de velha infância...Sim, chamamos de velha infância tudo aquilo que nos dá uma certa nostalgia, uma melancolia gostosa, uma fumacinha de "flashback" que tiramos do nosso baú de lembranças quando queremos ficar bem...pra nos sentirmos melhor, mais acolhidos.

E eu que saí com 21 anos de lá, só tenho memórias boas daquele tempo. Pra mim, o Brás tem cheiro de bala e biscoito wafer...e tem cheiro de bolo de aniversário....tem cheiro de padaria. 

Eu morava bem perto da fábricas das Balas Kids e sempre que voltava da escola, sentia um cheiro delicioso de doce de leite vindo das chaminés...Eu nem sei se essas balas ainda existem mas, até hoje eu me lembro desse cheiro, é como se eu pudesse sentí-lo.

E os biscoitos wafers, minha mãe passava comigo na fábrica da Tostines e comprava 2 sacos de “biscoitos quebrados” eram uns sacos enormes, de uns 3 kg de biscoitos que passavam um pouco do ponto no forno, ou deformavam, ou ainda se partiam, se quebraram, eles enfiavam tudo num saco e vendia super barato. Pra minha irmã e eu, era a mais pura e perfeita combinação de fartura e gulodice,rs.

O bolo de aniversário, às vezes minha mãe fazia, mas às vezes também era encomendado na “Doceria Bauducco” quando nem de longe imaginávamos que viria a ser sinônimo de panettone gostoso, era uma simples e fina confeitaria perto da rua do Hipódromo e que exalava um cheiro delicioso de essência de baunilha...

E tem também a Igreja de Santo Antônio do Pari, com o seu “bolo de Santo Antônio” que minha mãe cuidava para todo ano entupir eu e minha irmã pra não virarmos “solteironas”, rs. Bem, pra minha irmã deu certo, pra mim nem tanto...e como nunca me casei oficialmente, caso aconteça de novo, tentarei me casar na igreja dele em agradecimento à todo esforço desprendido, tadinho...rs.

E também havia os depósitos de doces, nas imediações da Av. Carlos de Campos...ah como eu adorava eles!! As caixas de doce de abóbora de coração! E os de batata-doce? Maria-mole? Dan-top? Os pacotes de pão de mel que popularmente são chamados de “cavacas” e tudo de mais açucarado que podia  ter.

Sem contar nas inúmeras padarias com os seus sonhos se desmanchando em cremes e pedindo, implorando pra serem devorados, saboreados...

Mas por que toda essa conversa fiada sobre doces? Ok, eu me criei no meio dessa gulodice e adquiri uma visão açucarada deste bairro...é certo que quando somos crianças, o nosso olhar lúdico para as coisas deixam tudo mais bonito, mais vistoso.

Mas hoje, quando retorno ao velho Brás, me sinto uma privilegiada, por ter vivido os melhores anos de minha vida, sem preocupações, sem neuras, nem dramas da vida adulta. E, ao voltar pra dar aula na escola que me formou como profissional há 20 anos atrás,  faz meu olhar se iluminar, faz um sorriso em mim se abrir, como se pudesse sim, voltar à doce infância...

LOOK 08 - como estou nostágica, look oitentinha, com direito a todo aparato de professora, com cor,  meia polaina, e se sentindo a própria Jennifer Beals...rs

domingo, 28 de julho de 2013

Dia 09 - Deslocamentos.


Recentemente em uma pesquisa, foi constatada que São Paulo é a cidade do Brasil com maior número de pessoas com transtornos mentais. Das neuroses leves às mais graves, pânico, bipolaridade, transtorno obsessivo compulsivo, depressão, ansiedade e entre tantos outros que Freud e sua turma poderia explicar bem melhor que eu.

É fato que São Paulo é um prato cheio para os psicanalistas. Oras, em uma cidade em que se gasta mais tempo para se deslocar de casa para o trabalho, ou de qualquer lugar que se queira ir, que te deixa sempre com a sensação que fracassou em uma tarefa, que não a cumpriu a tempo, que parece que quanto mais você corre, e tenta se organizar, mais as coisas se desorganizam na sua frente, não é de se espantar a confusão mental que possa causar.

É incrível a sensação de impotência que se cria, de que você chega no final do dia e pára pra pensar: nossa, eu não fiz nem a metade do que deveria ter feito! Eu não consegui...ou ainda, não deu tempo! Falta tanta coisa! Por mais cedo que acorde, e mais tarde que se deite, a sensação de pânico é enorme e você acha que parte do seu cérebro foi sugado junto com a poluição.

Basta dar uma voltinha no metrô para constatar o que estou falando, um meio de transporte que deveria ser rápido, mais parece um trenzinho turístico de parque de diversões...está cada vez mais lento, e mais deficiente. Fora o horário de rush...bem, esta expressão para horário de pico, está caindo em desuso, pois a qualquer hora que se percorra as linhas principais do metrô ou CPTM é sempre a mesma coisa, é lotado, é suado, é cheio de gente sofrida, é cheio de estudantes em busca de um futuro melhor, é cheio de trabalhador, é claustrofóbico!! E os ônibus? Levam uma eternidade parados no meio do trânsito, que não há corredor exclusivo que dê jeito.

Aí, pensamento de todo paulistano que se preze: vou comprar um carro que vai facilitar a minha vida...e aí fica preso num engarrafamento monstro por 3 horas ou mais...e tem o tal do rodízio...e tem o tal do estacionamento,  e tem o tal do flanelinha, ou “guardador” que te cobra uma facada pra dar uma “olhadinha” e aí se você não for generoso com ele, é bem capaz de quem levar a facada é você.

E onde vai parar tudo isso? No caos, na catarse emocional, na cultura do medo, nas relações doentias, e em tudo mais que uma cidade grande possa oferecer. Mas, pra todo mal, há de haver sempre uma cura, e se não dá pra mudar de cidade, tentamos mudar a postura diante da paulicéia desvairada em que vivemos. 

Passar de ator para expectador e observar a arquitetura da cidade, sorrir para as pessoas, ouvir uma música, ler um bom livro, ou simplismente pensar na vida, no que dá pra mudar, talvez sejam boas alternativas pra fazer enquanto se desloca, e é de graça, não polui, e alivia a alma ...pelo menos momentaneamente.


LOOK 09 - O frio deu uma trégua e deu pra montar um look menos pesado e mais divertido. 

sábado, 27 de julho de 2013

Dia 10 - Humor...


Eu não sou daquelas pessoas que acordam mau-humoradas, de mal com o mundo e que demoram algumas horas até reestabelecerem os seus níveis de endorfina e ficarem um pouco simpáticas.

Também não sou daquele tipo que dá patada em todo mundo só porque teve um dia ruim, descontando em alguém que não tem culpa alguma um problema que deveria ser só seu. Também não sou daquelas “de lua” – minha irmã e meu ex-marido estão inclusos nesta categoria – que você tem até medo de chegar perto por não saber qual a reação, tem medo de tomar um tiro só porque perguntou se estava tudo bem. E por fim, não tenho o transtorno bipolar, neste caso, é uma doença, a pessoa não tem culpa de ir da euforia à tristeza absoluta em segundos e isso é um mal que deve ser tratado.

Mas existem duas situações que me tiram o humor: fome e preocupação, aliás, me tiram o sono também e quantas vezes tive que sair do quentinho do edredon pra fazer uma boquinha.

Mas as preocupações, ah...essas danadas! têm sim, me tirado a vontade de sorrir. A instabilidade que venho mencionando em alguns posts, tem me tirado do sério, e, geralmente  costumo tratar os meus problemas com ironia ou sarcasmo, mas nem pra isso ando com criatividade suficiente.

Esta semana retornam as aulas, e com elas, um futuro próspero ou mais instabilidade. Parece que o meu destino mesmo é virar artista de circo de tão na corda bamba que eu ando...me perdoem o leve pessimismo, a falta de poesia, a falta de olhar lúdico, a falta de um texto bacana, mas o que pensar? O que fazer? Esperar? Esperar o que? E como? Eu tenho passado longas noites insones pensando numa maneira de sobreviver...

Não basta mandar currículos, não basta assinar sites e blogs, não basta fazer entrevistas, não basta fazer aulas-testes...O pensar positivo, é primordial numa situação destas, mas tem dias, que o fantasma do “e se” vem com tanta força que só me resta tentar dormir e sonhar com um futuro melhor, uma vida nova e diferente da realidade...

LOOK 10 – A pedidos e pra fugir da realidade, quando não quero ser eu, eu uso calças,rs. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dia 11 - Compasso de espera...


Quando morei em BH, fiz dança de salão por quase dois anos. Fui aluna bolsista e fazia praticamente todas as aulas e todos os ritmos, chegando até a passar de nível básico para o intermediário. Eu saia de um dia estressante de trabalho e ia direto pra aula, amava de paixão chegar na sala e simplismente esquecer da vida. Era a minha parte lúdica sendo exercitada.

Desde que me mudei pra cá, ou seja há quase 5 anos, eu ainda não consegui voltar a dançar, mas sempre que estou com algum problema ou aflição, eu comparo à algum ritmo de dança.

O post de hoje é sobre o tango, este lindo ritmo argentino, e de todos, é um dos mais difíceis de ser executado. O tango é uma das danças mais lindas que existe, talvez pela tensão que ele exala, é intenso, sensual, mas sobretudo dramático, sofrido.

Ele parece lento, parece simples, parece teatral, mas exige um esforço e percepção de ritmo sem igual e existe um passo, que, se você não o aprende direito, não adianta sair fazendo um oito perfeito (nota: não é quadradinho, é só 8) que todo o movimento fica comprometido, prejudicado.

Estou falando do “compasso de espera”, é o primeiro passo que aprendemos e é exatamente o mais difícil. O passo consiste basicamente em esperar o melhor momento para se movimentar. Sabemos que na dança de salão, a ordem de comando é dada pelo parceiro, o homem comanda a dama. Mas no tango, e no compasso de espera, isto é mais complicado ainda, pois envolve uma sincronia, uma antecipação de movimentos gerando uma ansiedade enorme. Se o seu parceiro vai para frente, a dama recua para trás, se ele vira pro lado, a dama vai para o lado também...e assim sucessivamente, mas sempre num ritmo e num “compasso” pré-determinado por ele.

A minha vida se transformou num eterno compasso de espera e que nem sempre, tenho a indicação correta de que direção o meu parceiro me passa para eu ir. Eu vivo com a sensação de estar pisando errado, ou às vezes pisando no pé do meu par, o que seria fatal na dança de salão.

Acontece que tem dias que o desânimo bate de tal forma e a incerteza de acertar ou errar o passo é tão grande, que  fico sempre com esta sensação, de ter dançado o tango errado, medo de não ter feito o movimento perfeito e não ter conseguido aplausos no final...confesso que dá sim, vontade de abandonar tudo, deixar o salão,  mudar de ritmo, esperar um movimento mais fácil e dançar... conforme a música do tempo...

LOOK 11 - Mais um look invernal com o casaco mais quente que possuo, e a boina de oncinha já batida nos looks daqui, para enfrentar o inverno rigororoso em SP .

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dia 12 - Rifa-se um coração...


Coisas estranhas e absurdas acontecem comigo o tempo todo, e até me emociono com isso. Hoje eu recebi um e-mail intitulado: “para alegrar a sua tarde” e nele continha três textos que falavam de amor, um da Cecília Meireles, um poema de Fernando Pessoa e outro da Clarice Lispector  o qual escolhi para reproduzir aqui.

Além disso, continha também algumas  fotos fofas de flores e crianças e em uma delas continha um buquê de flores fúcsias lindo intitulado “flores para a sua quinta” em outra, uma foto de um bebê lindo intulado “sorrindo pra você”. Num mundo onde praticamente não existe mais gentilezas e onde o que mais se vê é ninguém assumindo nada na vida, de sentimentos à faturas de cartão de crédito, isso é raro...e decerto se trata de alguém bem sensível e romântico.
  
Teria eu um admirador secreto? rs. Ou pode ter sido um engano? Talvez...mas seja lá quem foi que mandou, este e-mail veio parar na minha caixa de entrada só pra me alegrar o dia...e sendo assim, agradeço a esta pessoa que tem nome de anjo mas que não o conheço por esta ação tão gentil... (seria mais uma ação dos meus anjos da guarda? Estão mais modernos que eu imaginava, agora mandando mensagens por email!...rs). Grata,  não só por me alegrar mas também por me ajudar a traduzir o que sinto no momento:

“Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões. Um pouco inconsequente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado, coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista... Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo. Rifa-se este desequilibrado emocional que, abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: " O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer". Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e, a ter a petulância de se aventurar como poeta”. (Clarice Lispector)

LOOK 12: Depois de um e-mail destes, só me resta sair nesta tarde de quinta fria e me divertir no cinema, em tons de burgundy, que estão tão em voga neste inverno.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dia 13 - No mundo dos post-its.


Eu tenho uma pitoresca mania que só quem convive intimamente comigo acaba descobrindo. Calma, não é nada disso que vocês estão pensando e de novo alerto que é uma mania boba, e não bizarrice, até porque problemas de foro íntimo deveriam ser tratados numa sessão de terapia e não no ouvido do amigo.

Mas, voltando à mania, eu gosto de espalhar post-its pela casa. Sim, pode parecer estranho à primeira vista, e pode sim atentar quanto à minha sanidade, mas tenho plena consciência de meus atos,rs.  Eu escrevo em post-its coloridos tudo o que eu quero que aconteça de ordem material e os coloco estrategicamente colados nos locais. Se está confuso de entender, darei  exemplos: quem entra em minha casa logo vê, no “hall de entrada”  (sim, um dia será!) um post-it laranja flúor escrito “aparador vintage” ou “cômoda antiguinha fúcsia” no quarto, “microondas” na cozinha e por aí vai...

Tenho o costume de colocar tudo, de desenhos à projetos no papel, rascunhados em moleskines, pois receio em deixar meus desejos perdidos no mundo de Platão. Acredito, na minha vã filosofia, que coisas materiais não foram feitas pra ficar no mundo das idéias, no fundo da caverna, foram feitas para serem mostradas, materializadas, e principalmente, concretizadas. E se, por enquanto não disponho de poder aquisitivo necessário e uma atividade laboral estável para adquirí-las...pelo menos estão ali, escritinhas nos papéizinhos coloridos pro Universo olhar e conspirar por mim... Afinal, como diria Madonna, “living in a material world” e já que estamos aqui, temos que buscar também isso, e um lar confortável não faz mal a ninguém.

E quando as idéias ficam embaralhadas, sinto essa necessidade e, talvez, esta tenha sido a força motriz da criação deste blog, pois a mistura de dilemas, sentimentos, “draminhas de Jesus” todos embaralhados sem saber o que fazer com eles tinham, de alguma forma, de ser exorcizados e compartilhados.

Os post-its valem para coisas materiais, já quando falamos em sentimentos..., ah...estes são difíceis de exteriorizar! falta coragem, medo da rejeição...Não adianta eu colocar num post-it o quanto gosto de uma pessoa se não sei se estou sendo correspondida..., se tudo que sinto é recíproco...estes desejos bons que alimento, prefiro que continuem guardadinhos no meu mundo das idéias, pois lá, eu os imagino e eles se realizam...

LOOK 13: Ou look cebola, pois o frio que está fazendo hoje, só com muitas camadas quentinhas e alguns pontos de cor pra aguentar.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Dia 14 - Um caso de amor...


Quando o conheci, há mais ou menos 2 anos atrás, eu então com os meus 38 anos e ele, quase octogenário, de início não dei muita importância. Fui apresentada à ele por um amigo distante que na ocasião estava em São Paulo e veio me visitar. Durante o almoço, ele veio de mansinho, com uma conversa boba, mas que foi me encantando...e este meu amigo tratou logo de me alertar, que eu deveria conhecê-lo melhor, que iria me fazer muito bem, que me faria esquecer a dor e o sofrimento que estava sentindo na época por meu coração ter se quebrado em mil partículas igual quando deixamos cair um vaso lindo de cristal.

Depois deste primeiro encontro, o tempo passou e sempre quando aquela dorzinha doída voltava, eu me recorria a ele, como um amigo solidário para todas as horas, sempre pronto a me ouvir, e como ele me ouvia! E como ouvia o meu pranto...e sempre com palavras ternas e de conforto, sempre me acalmando.

O tempo passou e hoje estamos sólidos, eu, cada vez mais apaixonada por esta pessoa emblemática, amante da música e da boa prosa,  e sobretudo uma pessoa incrível, que mudou a minha vida radicalmente. Se eu tivesse o conhecido antes, muitas das dores de amores vividos e partidos não teriam acontecido. Mas, como tudo tem seu tempo, acho que este encontro foi providencial. Me fez ressurgir das cinzas, um gosto que antes estava adormecido - a leitura - e até arriscar algumas linhas pra escrever esta cartinha de amor.

Obrigada amigo querido por ter me apresentado o Rubem Alves, pois sem ele, eu jamais seria capaz de ressignificar tanta dor em tão pouco tempo e despertar pra vida.

“Mas nós somos como as lagartixas que perdem o rabo: logo um rabo novo cresce no lugar do velho . Assim é com a gente: logo a vida volta à normalidade e estamos prontos a amar de novo. A saudade doída passa a ser só uma dorzinha gostosa.” (Rubem Alves)


LOOK 14 – Frio,frio, mas muito frio e sobreposições de tons de cinza, rs

segunda-feira, 22 de julho de 2013

domingo, 21 de julho de 2013

Dia 16 - Anjos...


“Em algum lugar, pra relaxar, eu vou pedir pros anjos cantarem por mim, pra quem tem fé, a vida nunca tem fim, não tem fim. (...)Te mostro um trecho e uma passagem de um livro antigo, pra te provar que a vida é linda, dura, sofrida, carente em qualquer continente mas boa de ser vivida em qualquer lugar. Volte a brilhar, volte a brilhar! Um Vinho, um pão e uma reza, uma lua e o sol sua vida portas abertas” (O Rappa – “Anjos – pra quem tem fé”)

Devo confessar que apesar de não morrer de amores pelo O Rappa, Falcão estava inspiradíssimo quando compôs esta nova canção, que toca direto na 89 FM e que cada vez que a ouço paro pra pensar nos seus versos. Na primeira vez que a ouvi, estava sim, numa onda meio melancólica, e no mantra errado “nada dá certo pra mim”. Bastou tocar para eu prestar atenção no quanto é bela a letra, bem cantada e entonada, e rapidinho me fez esquecer as bobagens que permeavam a minha mente e lógico, evocar a figura do anjo da guarda.

O propósito aqui não é falar de religião ou fazer apologias às diversidades de crenças. Cada um tem a sua e respeito. Mas, a figura do anjo da guarda é tão presente em mim que não somente tenho-o em meu nome, em minha assinatura, mas está arraigado em minha fé.

Anjo da guarda pode ser entendido como uma força, uma energia que cada vez que precisamos, parece que está ali, do nosso ladinho, pra nos confortar...e às vezes até para nos puxar a orelha...rs, o meu trabalha dobrado para me proteger.

Taí, proteção. Desde que saímos do ventre materno, sentimos esta necessidade e ao longo da vida, quando nos vemos completamente sozinhos, ter alguém que se importa conosco é reconfortador. Não estou falando necessariamente de alguém, pessoa, mas uma força que é decorrente de nossa fé. Os anjos da guarda tentam nos proteger de várias formas, seja na forma de um livro que aparece numa estante de uma livraria e que é exatamente o que você precisava ler naquele momento, ou te deixando num sábado a noite trancada num quarto de hotel no Rio de Janeiro para que você não saia sozinha e não faça nenhuma besteira por atos impulsivos, ou ainda na forma de uma viagem desfeita às vésperas após uma briga somente porque mais tarde, aconteceria um acidente e poderia ser fatal, estes são só alguns exemplos que já tive a oportunidade de sentir a presença e a força de meu anjo atuando sobre mim.

Mas,  há também os anjos que se materializam, perdem as suas asas, viram humanos e independente da distância física, dos quilômetros percorridos Brasil afora, dos anos sem falar ou escrever uma linha sequer, te acompanham de longe, mas estão sempre ali, presentes.

Esses “anjos” reais te confortam e dão a certeza de que vale a pena sim lutar, não desistir diante das dificuldades,  te falam que “o lá de cima” não te dará um fardo mais pesado que suas costas possam carregar, ou ainda que na hora certa, pode acontecer o inesperado e mudar todo o rumo da sua vida...Que um dia você irá encontrar um amor que te mereça, não só por uma noite, mas para uma vida inteira... Eles te enchem de positividade quando você só quer chorar, largam às vezes parte de sua corrida vida pra conversar horas e horas a fio sobre as dores de amores...e te falam palavras bonitas...e te empurram pra frente, mesmo quando o desânimo sisma em bater...

Por isso, Nivs querida,  te dedico o post de hoje, mal escrito, pois foi difícil escrever para alguém que tomou sopa de letrinhas,  mas sou grata pela presença providencial e fundamental neste novo caminho traçado em minha vida.

LOOK 16: Este vestido, darei o crédito, é da Alphorria, primeira estampa e coleção que fiz, foi o primeiro trabalho em moda, uso-a pouco pois tenho um carinho muito grande por esta peça. 

sábado, 20 de julho de 2013

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dia 18 - Esperar não é preciso.


Um dos graves defeitos que tenho, e que, ainda não consegui amadurecer o suficiente, ou compreender o suficiente, é o fato de sempre esperar demais das pessoas, um agradecimento, um reconhecimento ou consideração. Sempre crio expectativas, e lógico, não precisa ser nenhum guru para saber que acabo me frustrando, pois ninguém é obrigado a fazer algo que não venha de dentro...eu sei disso, mas meu coração e cérebro insistem que não.

Aí vêm as pessoas te falarem para “não esperar nada para não se decepcionar”,”só conte consigo mesmo” ou “não crie expectativas” e blá, blá, blá...oras, se não é pra contar com as pessoas, se não é pra esperar nada de ninguém, então não precisamos viver em sociedade certo? não precisamos vivenciar as trocas das relações humanas  e poderemos  viver felizes como um “ermitão das montanhas”.

Sempre fui muito dedicada, e ainda não mensurei até que ponto isto é bom ou ruim, ou ainda o quanto me prejudica, mas a bem da verdade é que quando me proponho a fazer algo, mesmo que não saiba, tento fazer bem feito, faço com amor. E sempre foi assim, seja nos estudos, em minha vida profissional ou amorosa.

Quando conheço alguém, e este é interessante o bastante para estabelecer uma relação, veja bem: hoje a visão está tão distorcida da realidade que é comum as pessoas confundirem “relação” com “vínculo” e fugir...falo de uma relação que pode ser ela de amizade, de amor, mas sobretudo implica em “se permitir conhecer o outro melhor”, isto é praticamente impossível nas relações midiáticas de hoje.

É mais fácil você estar “num relacionamento estável com facebook” que passar um dia no parque com alguém bacana, ou uma noite inteira especial, ou ainda convidá-la para jantar...assumir uma relação virtual para 588.879.000 amigos te exime da culpa de ter que encará-la nos olhos, de ter que expor suas intenções e sentimentos. Sentimentos estes fugazes, quase sempre superficiais e frívolos. Não estou sendo pragmática, mas segundo Zygmund Bauman em seu excelente livro “Amor Líquido”,” vivemos cada vez mais numa fluidez de relações e sentimentos que, somos cada vez mais incapazes de estabelecermos vínculos com quem quer que seja...inclusive conosco mesmo”. É mais fácil posar de “legal na rede social”, onde para todos você é um “semideus” do que se encarar no espelho, e ver o quão medroso, tolo e egoísta possa vir a ser...

Talvez, este seja um dos meus maiores desafios daqui pra frente, parar de esperar tanto das pessoas que gosto, e não me frustrar mais. Parar com a mania de colocá-las num pedestal e idolatrá-las. Ser capaz de perceber que elas não são estátuas de mármore, e, quem sabe, depois de muito bater a minha cabecinha, não reconheça que, na verdade, nunca passaram de lindas estátuas de sal...

LOOK 18 - Mais um vestido quentinho, da Antix que tem as estampas mais lindas do universo! para sair arrumadinha pra jantar…

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Dia 19 - Memórias...


Em pesquisas recentes, os cientistas afirmam que o mal do século XXI será o mal de Alzheimeir, a doença da memória, pois com o aumento da expectativa de vida, as pessoas estão demorando cada vez mais para envelhecer, e, o que deveria ser um desgaste natural, acaba por se transformar num mal. Na verdade, seria como se possuíssemos um “chip cerebral”  e este, com excesso de informação ao longo da vida, não suportaria e daria pane...sem o direito à formatação. È de fato, me perdoem as toscas comparações, é uma triste constatação e já presenciei de perto os efeitos nocivos desta doença, esquecer as memórias que te construíram, as pessoas que fizeram parte da sua vida é triste, por outro lado...

Quantas vezes já não quisemos esquecer uma lembrança ruim, um desamor? Um sofrimento sem fim que o mais viável no momento seria tomar a pílula do esquecimento e só? Isso me fez lembrar de um filme lindo, que sempre recorro cada vez que me desiludo, e como me desiludo!...rsrsrs...aquele refrão “desilusão...desilusão...danço eu, dança você, a dança da solidão”...bem que poderia ter sido feito pra mim, mas, voltando ao filme, estou falando de “O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” de Michel Gondry, brilhantemente estrelado pela Kate Winslet e Jim Carrey....no filme, eles formam um casal que, depois de muitas idas e vindas recorrem ao “apagamento de suas memórias felizes” para parar de sofrer. É um filme magnífico, lúdico e que sim, figura entre os filmes de minha vida, e como sabem, conseguem arrancar lágrimas toda vez que assisto.

Não que seja uma melancólica...nasci com um prozac natural em minhas veias... mas tenho uma sensibilidade à flor da pele que algumas memórias sim, me fazem chorar...se toca alguma música, se vejo um livro e me lembra o gosto de uma pessoa, ou ainda quando eu descubro que um “suposto” amigo me colocou no restrito no facebook...rs. Ok, isso não é tão grave, mas é desnecessário, pois não sou de correr atrás de ninguém...eu corro olhando pra frente, e só.

Não vejo o porquê das pessoas segurarem suas emoções, ou guardarem suas mágoas, ou ainda mascararem seus sentimentos...porque isto? Se você gosta realmente de alguém, porque não se declara? Porquê o medo?  Ou ainda porque a falta de sinceridade? Me pouparia tempo se as pessoas fossem mais sinceras, aí eu partiria logo para a pílula do esquecimento e as deletaria de vez.

Prefiro a rejeição momentânea que à omissão absoluta. E atire a primeira pedra quem nunca quis ter a sua mente completamente apagada depois de uma insuportável dor de amor...mas o coração é o nosso órgão mais forte, ele suporta as piores dores, as piores decepções e fica firme, calejado,  batendo, forte, no compasso, no ritmo, ora num chorinho, ora num tango argentino, ora simplismente numa canção de ninar...já o nosso cérebro, se não cuidarmos dos nossos pensamentos e principalmente de nossas emoções...este sim, tadinho, não aguentará, e já que não dá pra apagar como num filme,  momentos ruins de nossas vidas, que ao menos possamos  ter a chance de reeditá-lo em uma nova versão, mais light, mais viva, mais colorida e cuidar sempre para que as próximas cenas sejam dignas de uma edição especial e em alta resolução.


LOOK 19 - Look mais formal para uma reunião de trabalho. Saia longa, camisa  e lenço servindo de cinto.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dia 20 - Corra Lola Corra.


Comecei efetivamente a correr no ano passado, quando uma amiga me apresentou a av. Braz Leme e foi paixão avassaladora. A pista de cooper em meio as árvores frondosas, a ciclovia, os jardins bem cuidados e floridos e a larga extensão me possibilitou começar com uma caminhada leve, depois passando para os trotes e até arriscando uns tiros.

No  início, eu não estava preocupada com os benefícios estéticos que a corrida viria a me proporcionar, na verdade, corria para fugir dos problemas...e não eram poucos, pois vivia um verdadeiro inferno no meu antigo emprego, o qual fui obrigada a ser algo que não ia de encontro com a minha consciência, não era da minha natureza. Eu não me reconhecia ali, e por conta de um farto salário, acabei assumindo uma personalidade que não era a minha,  vivendo então num terrível conflito interior.

Quanto mais eu ficava insatisfeita no trabalho, mais me impulsionava a fazer alguma coisa. Eu não poderia de forma alguma conservar a raiva (às vezes até ódio cheguei a sentir), a angústia (de ter que aguentar os sapos, pois não poderia ficar desempregada)  e a decepção  (de ter feito a escolha errada), além da frustração de não ter me perguntado antes se era mesmo aquilo que queria. Como eu não dispunha de resiliência suficiente, isso tudo acabou por gerar muita ansiedade e pânico dentro de mim.

Sabe o que era acordar para ir trabalhar e já pensar no final do dia? Sabe o que era ter que encarar um monte de boçais e acéfalos  e ainda ter que sorrir? Sabe o que é sofrer pelo menos alguma forma de bulling ou assédio moral quase diariamente?  Sabe o que era trabalhar sob tão forte pressão que a única saída as vezes era correr para o banheiro  e chorar? Sabia que alguma hora o meu corpo não iria resistir, já não era mais uma garotinha,  meu organismo iria reagir,e de forma negativa,  e todos sabem, que sentimentos ruins presos dentro de nós se transformam em chagas difíceis de se curar,  pior ainda quando se transformam em doenças da alma, que levamos as marcas para além túmulo.

E tudo o que eu não podia naquele momento era adoecer...e, assim que chegava em casa, estabelecia o meu ritual:  trocava de roupa, colocava o tênis, ligava o fone, escolhia  a trilha do dia e ia pra Braz..., sozinha, às vezes com uma amiga, mas na maioria das vezes eu preferia ir sozinha, eu, e os meus sentimentos ruins.

Logo no aquecimento, já sentia uma sensação diferente, uma espécie de lucidez, de razão, à qual parava sempre pra pensar que, momentos antes quase a tinha perdido...e aos poucos, passada a passada, ritmo a ritmo, fôlego a fôlego, eu me recuperava, a visão outrora turva, começava a ficar nítida, a falta de ar, o pânico anterior dava espaço para uma respiração  mais cadenciada  e aos poucos as peças do meu quebra-cabeça mental iam se encaixando e me recolando no prumo. Quantas lágrimas aquelas árvores já não viram...e os lamentos então! E os porquês!...elas me escutavam, e a sua sabedoria me reconfortavam...até a lua me observava com tamanha compaixão que, cada vez que eu olhava pro céu, parecia que  brilhava ainda mais pra mim..., correndo, fugindo e sobretudo olhando pra frente, como se pudesse traçar o meu caminho, o meu próprio destino, me sentia um pouco melhor, pelo menos naquele instante. E depois do torpor e do cansaço, vinha uma enorme sensação de prazer...

A corrida não serviu somente como uma grande válvula de escape, ela faz parte hoje do meu projeto de vida, da reavaliação de meus hábitos alimentares e cuidados com a saúde que  aliada à musculação, tem papel fundamental como ponto de equilíbrio neste atual momento de minha vida. 

Hoje, eu deixo de beber, se tiver treino no dia seguinte, eu deixo de sair num sábado à noite, se tiver uma corrida de rua no domingo de manhã. São escolhas que fiz, não pra me tornar uma atleta, mas para ter uma vida mais saudável na "maior idade".

Além disso, cada um tem a sua forma de rezar, uns precisam de um templo, outros de uma orientação, de um ritual... já a minha forma de religar à Deus, de me conectar com a sua luz maior, é no momento que estou correndo...

LOOK 20 – Vestidinho quentinho xadrez em tons de turquesa, mas pra variar, uma  écharpe fúcsia para quebrar a monotonia, rs.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Dia 21 - Dons...

Dia 22 - "There´s no place like home"...


Sempre gostei de estabilidade, minha vida sempre foi muito certinha, sempre tudo muito definido e planejado,  e pra mim o maior bem que alguém pode ter é o seu teto próprio. Felizmente eu conquistei o meu há 2 anos atrás, e hoje ele é o meu maior orgulho e minha maior preocupação monetária.

Dizem que você só conhece realmente uma pessoa quando entra na casa dela, e eu concordo plenamente com isso...tanto que minha casa é um reflexo de mim mesma. Em cada canto tem algo que me define, que me caracteriza...e acho que é isto que contextualiza um lar (de novo, o conceito!) que, você não precisa ter uma família para se ter um lar, basta que em essência, tudo que está nele seja uma particularidade sua. Um lar pra mim é um local com calor humano e não uma casa com cara de showroom da Sylvia Design.

Adoro pesquisar em sites de home-décor  idéias criativas e que cabem no meu “não orçamento temporário”.  Sou adepta do DIY...calminha aí, antes que você faça mal juízo de minha pessoa, isso não é nenhuma prática tonscinzaneanas, DIY é uma sigla para o Do It Yourself, ou no bom português, “faça-você-mesmo”.

Gosto tanto de garimpar utensílios  e quinquilharias por aí afora que foi eu mesma  que fiz a maioria dos móveis, explico...minha mobília é praticamente tudo o que sobrou de um falido casamento,e, como logo que me separei comprei o apartamento, não fiquei com “cash” suficiente para trocar a mobília... resultado: além das minhas roupas serem “vintage” parte de muita casa também  acabou adquirindo este aspecto. Minha  geladeira é da “era do gelo” , minha TV, de humildes 21 polegadas é de LSD,pois  eu sempre tenho a impressão de que estou vendo algo distorcido na imagem...rs e os móveis eu fui adaptando, desmanchando, e com a ajuda de meu pai , marceneiro de mão cheia e a Rua do Gasômetro (meu shopping preferido!) minha casa foi tomando forma.

Eu posso ter vocação pra decoração e pra cozinha (recentemente, caí de amores por uma frigideira com fundo de porcelana, eu olho pra ela e ela olha pra mim e já imagino as panquecas maravilhosas que farei com ela...), mas, nasci com zero dom para a faxina...e isso causa transtornos inexoráveis!!! Eu não sou dessas mulheres habilidosas com a vassoura e que em algumas horinhas já passou até cera no piso! Mas, eis que em  minha atual situação, a Amélia é forçada a baixar em mim...sai tudo errado! Eu arrumo de um lado e automaticamente desarrumo de outro... isto será sempre uma incógnita pra mim...

Eu pensei que aos 40 anos este meu  dilema doméstico estaria resolvido. Mas, não, lá vem o senhor destino me pregar uma peça,  tirando o sonho de ter uma faxineira pra chamar de minha!

O meu lar é um refúgio pessoal que somente pessoas muito próximas e importantes pra mim tem acesso (um vampiro não entrará em sua casa a menos que seja convidado...), e, parafraseando a  Doroty, quando entro em casa,  bato os sapatinhos de cristal e saio correndo pelos ladrilhos amarelos dizendo: "There´s no place like home"...


LOOK 22 –Pra combinar com o frio que voltou a fazer aqui em São Paulo, cores e acessórios quentinhos.

domingo, 14 de julho de 2013

Dia 23 - Felicidade é um vento no cabelo...


Uma das coisas que me faz muito bem são as manhãs de domingo...o engraçado é que só fui perceber isto depois de uma certa idade, aliás...faz muito pouco tempo. Eu adoro os domingos e pra mim é o melhor dia da semana. Sim, pra mim é melhor que a sexta, e inclusive o sábado...e não me incomodo de forma alguma de passar um sábado inteiro em casa, se eu tiver um programa bacana para o domingo. Não me importo de acordar cedo para uma corrida ou um passeio ao ar livre, ou um picnic no parque com os amigos.

O engraçado é que tudo tem a sua hora certa de acontecer ou de surgir...e houve um período da minha vida que eu abominava qualquer evento ou passeio que incluísse ar livre, cachoeira, sol, dia...eco-fitness, trekking, acampar...Ok, acampar eu ainda resisto, pois não me considero de Neandertal para fazer fogo com pedrinhas ou utilizar de precárias instalações sanitárias...ou ainda correr o risco de ficar dias sem tomar banho. Além disso, a “Bruxa de Blair”  permeia os meus piores pesadelos!! rs, mas tirando a palavra “camping”, eu gosto de praticamente tudo...e digo, eu não era assim, aliás, nunca fui...eu  morria de preguiça de tudo isso, ok, talvez eu tinha preguiça das companhias, e era por isso que recusava, ou ainda fechava a tromba quando era forçada a ir... mas hoje eu simplismente amo pegar a bike e ir para o parque pedalar, ou o contato com o mar (ah, como eu gosto disso!!)  ...ou ainda fazer uma trilha de caminhada...e isso tudo fica mais bonito e prazeiroso quando é num domingo de sol. 

O contato com a natureza, com o verde, com a grama, como eu amo deitar na grama e ouvir um som...fechar os olhos e sentir todos os instrumentos! Olhar para o céu azul e tentar desenhar com as nuvens...como quando era pequenina... nós, adultos que somos, perdemos a noção do tempo e a capacidade de sermos um pouco criança, de imaginarmos figuras nas fofas nuvens, ou contar constelações e caçar cometas num céu estrelado...

Deve ser por isso que vivo em conflito...rs, sou uma adulta completamente lúdica...

Mas e então? o que me fez mudar? Não tenho a menor idéia...rs. Mas dizem que a cada 7 anos passamos por leves (ou densas) metamorfoses em nosso modo de pensar, de olhar para o mundo e talvez isto tenha acontecido comigo...felicidade pra mim, é vento batendo no cabelo...


LOOK 23 –Pra combinar com o post de hoje, na verdade, domingo eu praticamente passo-o todo com roupas esportivas, look total  Adidas, que pra mim, tem um dos shapes esportivos mais bonitos pra mulher.

sábado, 13 de julho de 2013

Dia 24 - formas...


Hoje uma grande amiga minha, da época da faculdade me elogiou pelo blog e pela boa forma, e como eu já estava pensando em escrever sobre isso, foi só um gancho para o post, que desde já adianto, é sobre futilidades estéticas, rs.

Na verdade, a “boa forma” também faz parte do processo de mudança.  Não estava satisfeita há algum tempo, com um monte de coisas em mim, oras, eu trabalho com moda, logo minha imagem tem que estar impecável, ache você isto superficial ou não...e, para uma mulher que na faixa dos 30 e poucos anos sabe o quão difícil é perder 2 quilos mas, facilmente se ganha 4... num final de semana...o metabolismo naturalmente desacelera, você também perde o pique com a correria do dia a dia e acaba protelando uma atitude, uma ação sempre com uma desculpa: “quando eu tiver tempo, entro numa academia”,  ou “quando os filhos estiverem um pouco crescidos, faço uma atividade “ ou ainda “quando tirar férias, eu vou caminhar”, e quando isso, quando aquilo... e aí os anos passam...e sua vida também... tempo? Já parou pra pensar que você simplismente pode não ter este tempo pra protelar?

As pessoas empurram atitudes benéficas pra si mesma com a barriga... e engolem os sapos até o tecido adiposo  incomodar...até o ponteiro da balança tocar um sinal toda vez que tiver um ato insano  de se pesar.
Eu nunca fui de engolir sapos, mas houve sim um período, uma fase da minha vida que, por uma série de motivos,  eu engoli e acabei criando uma silhueta que não era minha...Ok, eu nunca fui gorda, sempre fui magrela, mas magro, e ainda mais depois de uma certa idade, não engorda, deforma. Você adquire “bordas de catupiry” onde antes não existia...rs

Aí tomei vergonha na cara, e encarei a tal da musculação...odiei, e ainda hoje detesto...mas...o ser humano é adaptável...e leonina e vaidosa que sou, tratei logo de criar um método para gostar...primeiro, é chato?, é. Dói malhar? Depende. No começo tudo é dolorido não é mesmo? Depois o músculo se acostuma e você faz as séries tranquilas...outro fator que me incomodava era academia cheia, gente suada e bombados  gritando (urrando) e se achando o “King of Universe”, bem, mudei de horário, malho na hora do almoço, que a academia é praticamente vazia e ainda conto com  um professor que é quase um personal já que ele não tem o que fazer a não ser me assessorar...rs. Outra coisa que me incomodava, e isso eu sou chata mesmo, o som. Som putz-putz de academia ninguém merece. Nada que um i-pod com um fone poderoso não resolva...chego na academia, faço o meu treino de 40 minutos no máximo e já saio pronta pra correr. Sim, mais uma coisa que me incomodava...a esteira. Acho uma perda de tempo total ficar olhando para uma televisão se você pode olhar para o céu, para as árvores, tomar um solzinho...e  foi isso que fiz, passei a fazer o treino aeróbico nas ruas, numa avenida aqui perto de casa que tem uma pista de cooper e ciclovia de 6 km.  E tomei gosto pela coisa, e passei a correr...e a corrida mudou a minha vida...pra sempre...

Mas este papo todo fútil sobre boa forma e beleza é somente para ilustrar que, dá sim pra mudar o que não gostamos, mesmo com uma resistência inicial, e que não seja exatamente do jeito que gostaríamos, e não precisa ficar tomando remédios ou dietas mirabolantes, dá sim pra mudar de um jeito saudável, desde que tenhamos disciplina e método.

Por isso, desde que fiquei desempregada, pensei firme: "já que eu não consigo mudar minha vida profissional, mudo o meu corpo". E 7 kg se foram desde outubro. É uma pena que, muitas pessoas, ao invés de olhar para dentro de si mesmas, preferem empurrar com a barriga, o que, na verdade, deveriam eliminar...

LOOK 24 - Em homenagem ao Dia Mundial do Rock, um look meio britânico, meio sei lá o quê...rs

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Dia 25 - bancos...


Eu odeio bancos com todas as minhas forças! Desculpem o desabafo, e o tom agressivo do post, mas pior que o fantasma do “e se”, pior que o vírus do “Dia dos Namorados Feliz”, é a “síndrome da agência bancária”. Meu humor se transforma no mais bipolar de todos cada vez que tenho que ir à uma agência e efetuar uma transação qualquer, e olha que eu nem mencionei as filas e o atendimento...no meu caso é o saldo mesmo. Toda vez tenho a sensação de que frequento esses grupos de auto-ajuda e que pedem pra você falar coisas do tipo: “só por hoje”, “só mais um dia”, “eu não faço isso, eu não uso aquilo”...no meu caso, é assim: “só por um mês, eu tenho dinheiro...” é...viver na corda bamba sem ter habilidades circenses... sabe o que é a cada mês você ter um mini-infarto toda vez que tira um extrato?

Ok, como já disse, sou professora do estado, tenho uma carga horária semanal, mas que ainda não é o suficiente para me manter... ainda estou instável financeiramente... estou no começo e todos sabem que dar aulas para o estado é por amor, e não por dinheiro. Felizmente meus pais me criaram com escrúpulos e valores suficientes para manter a minha dignidade...sou pobre e sofredora assumida, pois se tivesse aceitado as “muitas ofertas” ao longo da vida, hoje eu seria outra pessoa...mas nada paga a minha paz, a minha consciência tranquila de deitar a cabeça no travesseiro e pensar, hoje eu não fiz mal pra ninguém, eu não enganei ninguém...prefiro a pobreza temporária de uma nova fase laboral à pobreza de espírito...

Mas, de volta aos bancos, sim, eu sou uma das poucas pessoas, tirando os office-boys e aposentados que ainda vão às agências, fazem transferências, depósitos, enfrentam filas e coisas assim...e por quê? Porque sou arcaica...oras, tenho quase 40 anos!...pra mim, se eu pudesse guardava o meu dinheiro debaixo do colchão...não me entra na cabeça você colocar o seu dinheiro do mês numa caixa forte e ainda ter que pagar taxas por isso!!!!

Eu não acredito em home-banking, namoro de internet, compras de roupas e calçados (sem experimentar!) em e-stores, e essas coisas todas que te impedem de sair de casa, de viver a vida, que te infurnam cada vez mais dentro de casa e criam uma casca tão grande que a aparentam  mais um caramujo que uma pessoa.

Eu gosto de socializar...eu sou do tempo do choppinho num bar bacana e uma boa conversa...de um café quentinho, um bom livro e uma mesa na calçada, ou ainda, de um jantar especial e uma troca de olhares, um encostar de leve das mãos entre uma garfada e outra, da ansiedade do que irá acontecer depois...eu gosto disso, eu não tenho a menor paciência nem para conversar com os meus amigos no face...eu gosto de olhar na cara, ouvir o tom da voz, olhar nos olhos...mas, infelizmente o mundo mudou, e as blindagens eletrônicas estão aí para mascarar os sentimentos...e eu, fiquei “out of time”.

Eu não estou sendo dramática, e evito, juro que evito praguejar, blasfemar, mas a vontade que tenho ao sair de um banco é de sentar no meio fio e chorar...me dá uma tontura, uma vontade de sumir pra terra do nunca...e,  de novo desespero...um dia ele acabará...será? só por hoje?


LOOK 25: Falando em socializar, a minha sexta foi salva e poderei destilar toda a minha verborragia com uma amiga, que me convidou para jantar num lugar que eu adoro e mais ainda, free, portanto, o look é descontraído como uma noite de inverno leve pede.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dia 27 - sobre viver...


“Se eu acordo preocupado com as providências como uma conta no banco que não dinheiro pra pagar, isso me aflige e  atrapalha faz com que eu não me de conta de outras outras coisas que eu deveria cuidar”... (Nando Reis)

São Paulo defitivamente não foi uma cidade projetada para desempregados, aliás, o desemprego aqui nem deveria existir, pois é tão difícil sobreviver aqui por uma infinidade de fatores como a poluição, o trânsito, a violência, o dia que não tem 24 horas, a falta de gentileza urbana, que imaginem isso tudo sem o “dindin nosso de cada dia” .

Pois é...desde de outubro do ano passado, eu venho sobre-vivendo...e de vez em quando o fantasma do “e se” vem pra me assombrar...”e se o dinheiro acabar, como pagarei o meu apartamento”? e se eu ficar doente, como farei ? E se eu tiver que voltar pra Silver Lake City  (vulgo, Lagoa da Prata, casa dos meus pais)? E se eu não conseguir o suficiente para o meu sustento? E se? E se? E aí bate um desespero tão grande que o único jeito que eu consegui de me livrar disso foi correr, correndo, parece que os “e ses” ficam lá pra trás....o ruim é quando o fantasma aparece no meio da noite...aí não tem jeito...você fica pensando, ruminando...

Aqui, você colocou o nariz pra fora da porta, já está contabilizando algum gasto...nem que seja calórico, mas invariavelmente, você irá gastar. Tudo é invariavelmente caro ou eu que sou invariavelmente pobre... sair pra se “divertir” então, não fica por menos de três dígitos... até pra você arrumar emprego, você tem que gastar assinando os sites de “recolocação profissional” que mais parecem que brincam de te fazer de palhaço, pois venho recebendo “vagas em aberto” desde o ano passado... a mesma vaga. Oras, se a vaga que mandei ainda não foi preenchida, tudo leva a crer que estou sendo ludibriada...será que ao invés de assinar um site de emprego, eu assinei por engano aqueles de horóscopo, que se você passar um tempo sem ler e se voltar , verá que só rolou um “copy e paste” no seu signo?

O que me aflige, e acredito que a maioria que está como eu, na faixa dos 40 anos e buscando uma recolocação profissional é o preconceito...porque uma pessoa com tanta experiência de mercado não pode ser absorvida pelo mesmo? Ou pior ainda, ela já é automaticamente eliminada dos processos seletivos se a sua idade está impressa no currículo? Sério, uma grande empresa de recolocação  a qual sou assinante desde janeiro, me “auxiliou” a não colocar a data de nascimento, ou qualquer menção à idade no currículo, pois impediria que as oportunidades de vagas no meu perfil aparecessem. Em uma das entrevistas que fiz, o gerente olhou para o meu currículo, olhou pra mim e veio com a pérola:  - desculpe, mas deve ter havido algum engano, pois você é muito qualificada para a vaga, eu queria alguém mais...mais... operário, sabe?  Ou ainda em outra: - Menina, você não parece a idade que tem! você é muito boa, o seu currículo é excelente, mas este tipo de perfil assusta, pois você joga em várias frentes, pode incomodar algumas pessoas acomodadas...é óbvio que eu não consegui a vaga...

E qual é o meu perfil então? Se sou talentosa, porque não absorvem o meu talento? Se sou competente então porque não me contratam? Se sou tão interessante, então porque você não perde este medo infantil e não me conhece melhor?

Desde que perdi o meu emprego, cansada e desiludida com o mercado, decidi mudar o foco da minha carreira, e tento desde então, construir um novo caminho na carreira docente... dar aula sempre foi o meu plano B, mas, que,  por força das circunstâncias acabou virando um plano A.

Eu ainda não sei se tenho vocação, tudo é muito novo e cedo, mas confesso que me encontrei dentro da sala de aula, e por algum motivo mágico, o meu olho voltou a brilhar...e não tem coisa mais fundamental pra mim, do que ir atrás do que brilha na minha retina...

É uma busca, árdua de início, mas prazeirosa na essência, pode ser um erro, mas pode sim ser acerto, e por enquanto, continuarei tentando...só tomando o devido cuidado para o “e se” não retornar mais... 

PS: alguns leitores sentem necessidade dos comentários dos looks do dia...eu só não sei se posto os créditos, até porque tudo meu é tão vintage, que nem me lembro mais, rs...bem, atendendo à pedidos, fica como uma pequena nota de rodapé, irei atualizar os post anteriores:

LOOK 27: Hoje eu resolvi brincar de melindrosa, eu amo os anos 20 e como fiquei em casa, montei este look só pra descontrair, já que pesei no texto...rs;

terça-feira, 9 de julho de 2013

segunda-feira, 8 de julho de 2013

domingo, 7 de julho de 2013