“Você não é o tipo de mulher pra casar, você é, no máximo,
pra passar um tempo”.
“Se você me deixar, você acha que vai conseguir o quê? No
máximo uma meia dúzia de garotões mais jovens que gostam de mulheres mais
velhas porque é mais fácil de dispensá-las.”
“Você nasceu pra ser solteira, é inteligente e bonita demais
pra ser casada. Um homem busca uma mulher mais simplória pra esposa”.
Há quase 3 anos atrás ouvi estas doces palavras, de uma
pessoa que dizia me amar, tão profundamente que ficou comigo por 8 anos.
Ok. Devem estar chocados, mas como o propósito do blog é também exorcizar
demônios, não que este não esteja exorcizado, morto e enterrado, mas os exponho aqui como alerta, pois assim como passei, acredito que
muitas mulheres se sujeitam a passar por todo tipo de humilhação moral somente
para não ficarem sozinhas.
Auto-piedade, baixa auto-estima, insegurança fazem que em
determinados momentos da vida, você realmente acredite que é um lixo e que uma
pessoa está com você por caridade, te prestando um favor. Oras, faz favor! se
chega a esse nível, quem não serve pra você é a pessoa que está ao seu lado e
me desculpem se carreguei na tinta, se está pesado demais, mas prometo que
ficará leve no final.
E ainda devem estar se perguntando como permiti isso?
Permiti porque achava que amor rimava com dor, que relação rimava com anulação,
que ciúme doentio era sinônimo de cuidado e proteção. Me anulei por anos a fio, tentei ser o que eu
não era, tentei provar o tempo todo que era perfeita, mas sob um crivo e num grau
absurdo de exigência que o meu amor-próprio se perdeu, minha auto-estima despencou
e fiquei tão destruída emocionalmente que a idéia de ser abandonada simplismente
me apavorava.
Até quando comecei a me sentir completamente sozinha, abandonada,
mas com alguém dentro de casa. Aí eu percebi que aquela não era eu, que
eu não estava feliz e que tinha sim, que fazer algo de bom pra mim, que tinha que correr
atrás de minha felicidade, mesmo que isto implicasse nas pragas da solidão
profetizadas.
Não tenho medo da solidão. Convivo muito bem comigo mesma, e
sei me divertir quando quero. E não estou “fechada pra balanço”, ou ainda
“fechada para o amor” tanto que, depois de três meses separada, num lugar dos mais
improváveis para conhecer alguém o cupido me flechou certeiramente, e
catapluft! Lá estava eu de novo, caindo de amores. Mas este foi diferente, ele
era um príncipe, me tratava tão bem e me falava palavras tão doces que me
faziam sonhar acordada...me enchia de mimos e presentes, era um namoro tão
perfeito que a sensação de ter encontrado a “alma gêmea” era tanta, que nos
comunicávamos por telepatia. Mas...como todo príncipe, não demorou muito e ele
virou sapo...e me machucou uma vez:
“você é a mulher certa pra mim, mas apareceu numa hora errada”...
E depois pediu pra voltar, e eu voltei, e depois sumiu. E
partiu...o meu coração e a minha vida. E doeu, como doeu, e machucou, me moeu
por dentro...e fiquei um bom tempo recolhendo os caquinhos de mim mesma. E demorou
muito tempo para esquecê-lo, pois como esquecer alguém tão fincado em seu coração?
Como? E com o tempo eu percebi que não precisava de um príncipe, pois sempre
busquei um rei.
Mas eu consegui...e hoje estou livre, pronta de novo, pra
amar, incondicionalmente. Mas sei que o amor acontece quando estamos
distraídos...e que não preciso procurar nas baladas obscuras da vida, ou numa
mesa de bar, num desespero total de pegar qualquer um. Eu vou saber reconhecê-lo,
pelo sorriso, pelo toque das mãos, pelo olhar profundo que só quem enxerga a
janela da alma sabe do que estou falando. E ele vai me reconhecer e se encontrar em mim. O amor é simples.
Eu não tenho medo de ficar pra tia, pois na verdade eu já
sou, e bastante coruja com uma sobrinha única. Não tenho medo de envelhecer e
perder corpo, beleza e tudo mais. Tenho medo de perder a memória, a audição,
parar de desenhar. Não tenho medo de não ter filhos (meus Deus, quantas
mulheres se anulam por conta do desejo da maternidade! Nem se perguntam se tem mesmo vocação para serem mães! Perdem suas vidas, vivem
frustradas e se projetam na sombra dos filhos!) até porque nunca é tarde para
uma criança órfã ganhar um lar. E por fim, não tenho medo de amar, atento aqui
para uma correção na música do Fabio Júnior: não somos metades.Somos laranjas inteiras. Somos tampa e panela. Somos antes de
tudo, indivíduos, únicos, dotados de amor-próprio suficientes pra viver uma
vida inteira sem alguém. Quem se sente incompleto
ou pela metade, o nome disso não é amor,
é carência.
E, se for pra viver um novo amor, que ele seja leve como uma
criança que brinca, calmo como a água de um rio, iluminado como um por-do-sol, terno (e não eterno)
enquanto dure e que seja lindo na mais subjetiva das belezas, na do espírito e
não do corpo, pois sabemos que, nesta vida estamos aqui só de passagem.
“desejo, que você tenha alguém pra amar, e quando estiver
bem cansada, ainda, existe amor pra recomeçar, pra recomeçar”... (Frejat)
LOOK 06: look temático, hoje darei aula sobre Tropicalismo, e
escolhi um vestidinho multicolorido da Benedito Calixto para alegrar esse
inverno.