quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Dia 00 - Metamorfose ambulante...


“Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante. 
 Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”...(Raul Seixas)

Começar algo não é uma tarefa fácil...e terminar também não. Só quem já tentou terminar algo sabe do que estou falando...terminar um relacionamento... pedir demissão...abandonar um lugar, uma cidade, por um ponto final. Dar xeque-mate. Mas, não quer dizer que isto seja algo ruim, quando terminamos algo, abrimos espaço para que algo novo aconteça. A experiência destes 30 dias compartilhados com vocês leitores foi uma experiência única, e já sinto antecipadamente uma saudade doída, que meu velho amigo descreve muito bem:

“Ao final de nossas longas andanças chegamos finalmente ao lugar. E o vemos então pela primeira vez. Para isso caminhamos a vida inteira: para chegar ao lugar de onde partimos. E, quando chegamos, é surpresa. É como se nunca o tivéssemos visto. Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice, de saudade”...(Rubem Alves)

Mas termino feliz, pois consegui cumprir com o prometido. E o saldo disso tudo? Muito positivo, mais que me expor, mais que me fotografar, ou ainda tentar escrever, eu tive respostas, apoios e incentivos de pessoas que pareciam tão longe de mim, e agora as sinto tão perto. Sou grata a cada um que leu, mesmo que anonimamente, e a todos os comentários, pertinentes e que me ajudaram sim, a me conhecer.

É certo que em 30 dias não mudou muita coisa,  eu continuo na instabilidade profissional, nenhum rei encantado surgiu em minha vida ainda, e eu não engordei nem emagreci, rs.  Mas algo de extraordinário aconteceu... eu pude sentir que, a cada post eu me reconhecia mais e amadurecia mais um pouco... e ia me transformando. Eu construí tijolos...e meu castelo deixou de ser de areia. E agora é só levantar as paredes. E isso demanda dedicação, esforço e disciplina.

E esta transformação não é assim instantânea, imediata. Não é de um dia para o outro que deixamos um monte de crenças erradas pra trás e passamos a acreditar mais em nós mesmos, ou ainda aceitar as dificuldades com resiliência (adoro esta palavra!). Esta transformação é como um quadro do Escher, é um lagarto que vai virando pássaro lentamente, é um peixe que se transforma em ondas...vagamente, gradativamente....encantadoramente.

Despedidas nunca são gostosas, é sempre aquela dorzinha de ter que deixar pra trás alguma coisa, em prol de outra melhor. Não tirarei o blog do ar, os posts, continuarão ali, como registro, mas agora sem o compromisso de escrever diariamente. Talvez algum dia eu escreva novamente? Talvez…ou poste um look que julgue interessante? talvez... mas o que mais sinto necessidade agora é de foco. Ir atrás dos meus sonhos, me concentrar e escrever outras linhas...um projeto de mestrado, talvez...

Temos que ser “metamorfoses ambulantes” e se reinventar, se transformar a cada dia, a cada momento e se surpreender com o que encontramos de belo no meio das pedras no caminho...afinal, pra voar como borboletas, é preciso passar pela dor do casulo...

“ A alma é uma borboleta...há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose”...(Rubem Alves)

LOOK 00: O vestido da Antix, com estampa inspirada na obra do Escher que comprei antes de perder o emprego, era pra comemorar os meus quarenta anos em uma noite especial...

Dia 01 - Considerações quase finais...


Pois é. Hoje é meu aniversário, não deu pra escapar. Enfim 40. Se você leitor, estiver lendo este post agora, provavelmente será no dia seguinte, pois afinal, hoje eu tinha que comemorar e sendo assim considere a frase: Ontem foi meu aniversário. Fiz 40. E assim como errei as contas e às vezes postei tarde o que deveria ter sido mais cedo, deixo aqui, as minhas considerações finais e já adianto, sentirei saudades.

Muitos amigos leitores me pediram para não acabar com o blog, pra continuar com os looks, mas eu não posso continuar.  Meu objetivo foi cumprido. Os 30 dias lúdicos que se seguiram, com posts e looks diários, que às vezes me fizeram acordar às 3 da manhã e abrir o notebook pra escrever, pois a inspiração não podia se perder, tinha que ser naquela horário...rs

Eu os entendo, e os compreendo mas não posso continuar, e pra isso, lanço mão de mais uma de minhas teorias: O U2 deveria ter acabado no disco “All That You Can´t Live Behind”. Os Beatles acabaram no auge da carreira, se bem que, pairam aqui dúvidas se não foi a Yoko que acabou com eles... Ziggy Stardust, o legendário personagem que David Bowie brilhantemente interpretou e lançou o glam-rock para o Olimpo no ano em que nasci saiu de cena 2 anos após uma turné vitoriosa e nunca mais o encarnou, e hoje ele é o camaleão do rock. Jim Morrison foi cantar e dançar  com os xamãs em outros mundos. Jimi Hendrix foi tocar fogo em sua guitarra em outros infernos. Kurt Cobain acabou com si mesmo e eternizou o Nirvana e ainda de quebra, nos deu o Foo Fighters. Amy Winehouse nos deixou órfãos de sua linda voz, e hoje cantarola com a Janis Joplin em algum pub celestial.

Eu aí eu fico me perguntando o que eles estariam fazendo se estivessem na ativa até hoje. Será que seriam o que seriam? Reconhecidos com certeza, mas aí se tornariam tão banais que talvez pudessem ser considerados uns chatos...ou “bored” e aí estariam fazendo shows revivals de seus sucessos de 20 anos atrás, pra ganhar alguns trocados e pagar as hipotecas vencidas. Eles deixariam de ser mitos, virariam pessoas comuns. Ficariam banais...

Resumindo: “Banda boa é banda que acaba”. E é por isso que o blog acaba. Cumpri  a meta. Me desafiei, me superei, me expus como nunca havia antes e mais que isso, me surpreendi. Surpreendi com a repercussão, com o carinho e com o apoio de quem eu nem imaginaria que pudesse vir. Eu pensava que se tivesse meia dúzia lendo o meu blog, já me daria por satisfeita. Me encantei com alguns comentários, me emocionei com outros. Me senti tão acolhida e querida que não pude ter melhor presente de aniversário. E este blog é o registro destes momentos. Esta experiência fica como um registro de uma data, de um período, que hoje, já virou passado.

Me encantei com os incentivos, com o carinho, com as mensagens de apoio e com os elogios dos looks. Moda é minha vida. Arte é minha vida. Música é minha vida. E eu não me imagino fazendo outra coisa que não esteja ligado às estas coisas. Tenho que acabar no auge pra não correr o risco de ficar comum, de cair no banal. Eu não quero ser uma pessoa banal, "boring" e saibam que cada post foi escrito com muita emoção. Ás vezes com dor, com raiva, e você leitor, presenciou tudo de perto. Compartilhei tudo e me fez muito bem. Me fez muito bem me sentir querida, e é por tudo isso que sou grata a cada um que leu as minhas mal traçadas linhas. Fica aqui um sincero “muito obrigado com muita saudade”.

Saber a hora de parar e dar um novo rumo na vida, um novo caminho, é saudável, e dolorido também... mas para que essa pendura de chuteiras não tenha efeitos tão traumáticos, resolvi dividir o post final em duas partes, e amanhã, no primeiro dia pós-aniversário, publicarei o post final e um look muito especial...

"E o amor não é uma coisa fácil.
È a única bagagem que você pode trazer
Amor não é uma coisa fácil
A única bagagem que você pode trazer
É tudo o que você não pode deixar pra trás"...(Walk On - U2)


LOOK 01 - Look de aniversário, com um vestido chemise da Benedito Calixto que adoro e com direito a cabelo novo, corte mais leve, pra ver se os anos pesam menos. rs

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Dia 02 - 10 motivos.


Quem me conhece sabe que adoro uma listinha “top of the tops”,  eu vivo fazendo as minhas listinhas pessoais, do tipo: melhores filmes, ou melhores discos lançados no ano, melhores músicas, melhores coleções e por aí vai...e como hoje é o penúltimo post, resolvi  fazer duas listinhas: primeiramente 10 motivos para se deprimir:

10 -  Assistir telejornal, qualquer um serve, é só tragédia, é só notícia ruim ou ainda tendenciosa, em que o que é informado, é a cultura do medo;
09 - Assistir TV aberta, filmes do Lars Von Trier, vídeo de casamento (sempre é muito chato);
08 - Fazer fofoca alheia; falar mal de alguém sem ao menos conhecê-la;
07 - Ouvir música ruim, e o pior, gostar de;
06 - Deixar de ser alguém só para agradar outra pessoa;
05 - Ser mal educado, preconceituoso e descortês;
04 - Deixar de lutar;
03 - Ter medo de amar, por ter medo de sofrer, e consequentemente, abrir mão antes de perder;
02 - Reclamar e esquecer que, etimologicamente, “reclamar” significa “clamar duas vezes;
01 - Deixar de sonhar;

E agora 10 motivos para se alegrar:
10 - Dançar sozinha em casa, cantarolar com fone de ouvido no metrô, ler um bom livro;
09 - Ir ao cinema, levando a sua melhor companhia, seja ela um amigo, um amor ou si mesmo;
08 - ter amigos, mais que amigos, amigos do peito, amigos-irmãos, amigos-anjos;
07 - Ouvir Fitz & The Tantrums e sorrir por nada;
06 - Ser gentil, a boa educação, vale ouro e é moeda aceita em qualquer lugar do mundo;
05 - Ter um animal de estimação;
04 - Trabalhar e fazer o que se gosta;
03 - Gostar de alguém, mesmo não sabendo se é recíproco;
02 - Ter, ao invés de ser. Ostentação, só é bem vista na arte barroca;
01 - Agradecer, agradecer e só pra confirmar, agradecer;

Como hoje é o penúltimo dia, e venho carregando a mão nos últimos posts, pensei em algo bem light para escrever, pra incentivar, pra motivar, ou pra divertir mesmo. Afinal, o que te comove? O que te encanta? O que te inspira? Já fez a sua lista?

LOOK 02 - Look mega estampado, da Alphorria também e com a participação especial da tatazinha!

Dia 03 - Mente caleidoscópica.



Tem dias que minha mente mais parece um caleidoscópio. Normalmente isto acontece às segundas-feiras, em que ainda não me desliguei do final de semana e demoro alguns segundos a entrar no ritmo. Mais que isso, eu penso em muitas coisas, eu quero fazer muitas coisas, eu sonho com muitas coisas queficam girando, girando com um monte  de idéias, mas todas embaralhadas, misturadas entre cores, amores, dores, sonhos, projetos sem fim e sem conseguir focar em nenhuma delas, acabo me perdendo no meio do caminho, numa total embriaguês de sentidos!

E isso gera desânimo, e minha falta de foco vai além disso tudo...tudo parece tão complexo, tão difícil, que tem dias que me sinto como um novelo de lã toda emaranhada, sem conseguir me soltar. Ou pior, me sinto num sonho ruim, que não chega a ser um pesadelo, mas que dá um trabalho danado ter que acordar.

E não há óculos que dê jeito na falta de foco, na falta de objetivo, na falta de perspectiva... Não que eu não os tenha, eu busco sim, e estou buscando uma nova carreira, mas as dificuldades...e como existem!...e aí eu fico me perguntando se é lerdeza minha devida à idade, ou falta mesmo um direcionamento melhor, ou os dois juntos, enfim, na verdade quando era mais jovem conseguia fazer tanta coisa ao mesmo tempo que hoje sinto o peso dos anos caindo, como se fossem bigornas na minha cabeça...

Existem pessoas que preferem ficar desfocadas a vida inteira do que colocar um óculos com um grau maior e poder enxergar o quão erradas elas foram com as pessoas que amaram, em seus trabalhos, e sobretudo consigo mesmas. Este “olhar pra dentro”, a tal da “reforma íntima” é tão difícil de ser trabalhada que é mais cômoda jogar a sujeira por debaixo do tapete mesmo. No meu caso, prefiro usar este blog como aspirador de pó...rs.


LOOK 03 - Amo saia longa pra dar aula, pra trabalhar, é chique e prática ao mesmo tempo.

domingo, 4 de agosto de 2013

Dia 04 - dirigir a própria vida...


Eu tenho 39 anos e não sei dirigir. E também não sei nadar.  E também não sei fazer contas. E é por esta razão que o blog parou no post dia 04 desde sexta-feira. Pra acertar a contagem regressiva. Eu fiz as contas erradas, mesmo contando um a um no calendário...normal, comigo isto sempre acontece, rs. Bem...agora espero que esteja certa, e hoje, dia 04 de agosto, é realmente o dia 04 e aí segue o 3,2,1 e acabou, rs!!

Se for parar pra pensar, na minha cabecinha lúdica, a contagem está certa, oras, comecei o blog no dia 07 de julho e acabará no dia 07 de agosto...mas tinha o 31 no meio do caminho...pedras, até no calendário, o que há de se fazer, é arrumar e seguir em frente.

Mas voltando as negativas iniciais,  eu entrei quatro vezes na natação e sempre no meio do caminho, eu abandonava (a pedra, sempre ela!) e no meu caso, as pedras eram o fundo da piscina e a falta de coordenação. Eu não sabia o que acontecia, gravava todos os movimentos na cabeça, mas quando chegava a hora de executá-los, travava, impossível bater pés, fazer o movimento de braços e ainda puxar o ar para respirar, era demais pra uma pessoa só...rs. Pelo menos pra mim...e é por isto que também até agora não quis aprender a dirigir. Ok, a logística “carta de motorista” é muito maior que a logística “piscina” e implicam entre outras coisas um gasto que não disponho no momento. Mas houve outros tempos que eu tive a possibilidade de ter um carro e não quis. Meu pensamento sempre foi: bem, se eu não consigo coordenar os movimentos na natação, é melhor ficar quieta, pelo menos não cometo nenhuma loucura.

Eu nunca liguei a mínima pra carro, pra marca de carro, pra cor de carro, enfim pra carro enquanto status  social. E isso aqui em São Paulo equivale a quase um atestado de bons antecedentes. Eu me lembro muito bem na época em que eu sofria bulling por trabalhar no interior de São Paulo e pegar 3 conduções pra ir e 3 pra voltar. E fiz isso por 3 anos. E quando me perguntavam “mas por que mesmo você não tem um carro?” ou ainda “Por que você não compra um, tadinha, indo de cometa todo dia?”, "é tão baratinho financiar"...e eu respondia meio que malcriada e cansada de tanta boçalidade: “Porque eu tenho o meu apartamento. Porque prefiro financiar um bem imóvel, a um móvel.”

Status pra mim é bom caráter. Conforto pra mim, é trabalhar do lado de casa, tranquilidade pra mim, é poder fazer o meu horário e fugir de toda essa loucura de trânsito e qualidade de vida é fazer o que se gosta.

É claro que um veículo automotor tem lá as suas vantagens, desde proporcionar um final de semana na praia (que seja fora de feriados prolongados, senão o descanso se transforma em transtorno), com bikes no bagageiro a uma ida tranquila num programa teatro + jantar ou algum show que geralmente acaba tarde. Mas o que eu mais gosto mesmo, é de cuidar da trilha sonora e registrar cada momento no banco do co-piloto. Isso pra mim é um prazer.

Os psicólogos dizem que o ato de dirigir está ligado à dirigir a própria vida, o que discordo totalmente no meu leigo conhecimento, pois, desde os 26 anos que eu me dirijo, bem ou mal, com alguns atropelamentos no meio do caminho, mas com alguns êxitos e sem grandes multas.

Talvez os caminhos escolhidos por mim tenham sido tortuosos, com curvas perigosas demais e túneis de tão escuros que me ofuscaram a visão. Mas sempre, quando imagino a minha estrada, a minha viagem, sempre a imagino numa linda manhã de domingo com o dia amanhecendo e na companhia de alguém bacana, ao meu lado, sorrindo pra mim...


LOOK 04 - Look basiquinho para uma tarde ensolarada de domingo.

sábado, 3 de agosto de 2013

Dia 04 - Resiliência.


Segundo Houaiss: Substantivo. Feminino. 1 Física: Propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. 2 Sentido figurado: Capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças. Etimologia:Inglês Resilience. Elasticidade; capacidade rápida de recuperação. 

Resiliência significa a habilidade de persisitr nos momentos difíceis mantendo a esperança e a saúde mental. Em geral, a resiliência depende de algumas condições psicológicas internas e externas. No nível interno, são favorecidads as pessoas otimistas, que assumem a responsabilidade pelas próprias escolhas, que prezam a autonomia, que estabelecem vínculos sociais e familiares positivos e que são flexíveis no que diz respeito à mudança de posicionamentos, sentimentos e pensamentos. Externamentee, estão as relações positivas, àquelas que promovem suporte afetivo/material, acolhimento e cumplicidade.

Os orientais dizem que temos que ser iguais ao bambu. Firmes suficientes pra não cair e flexíveis suficientes para envergarmos mas não quebrar. E leves para ir de uma direção à outra com o vento. Logo, ser resiliente pra mim, é se comportar como um bambu.

Quando estava na faculdade eu gostava de jogar peteca. Em Minas, é um esporte muito difundido, tem até campeonato e é um jogo simples semelhante ao vôlei e se joga em duplas, numa quadra e rede menores. O mais bacana da peteca é que você tem que ter muito jogo de cintura para correr a quadra toda sem deixá-la cair e ainda você conta com a ajuda do seu parceiro. Portanto, resiliência pra mim, é não deixar a peteca cair.

Um outro aspecto externo fundamental para o desenvolvimento da resiliência é a existência de pessoas que acreditem na nossa capacidade de superação das adversidades e, por isso mesmo, nos incentivem. Eu tenho muitos amigos, amigos-irmãos, amigos-anjos, amigos-amigos, um amigo-amor, e quem sabe um deles poderá me ajudar neste duro jogo chamado docência. Portanto, ser resiliente também é contar com apoio dos amigos do peito.

Bem, diante tudo que aconteceu ontem (eu não contei o dia todo) eu consegui tirar forças e seguir em frente por conta de um único episódio: a única hora do dia que me valeu a pena foi quando eu tive que, extraordinariamente entrar em sala de aula, sem ter preparado material e apresentar história da arte para uma turma de primeiro ano. Quando eu vi aquelas carinhas, ávidas por conhecimento, curiosas por saber quem era aquela professora estranha que estava ali diante deles falando de arte e da vida, e quando eu vi sorrisos se abrirem e depois da aula virem com um “muito obrigado, pro!... ou ainda “adorei sua aula pro, a senhora é muito positiva!”, percebi que é para isso que eu luto. É por esta razão. Afinal...eu posso ter perdido o set, mas ainda tem muita coisa em jogo...

LOOK 04 – Look pra colação de grau dos meus queridos alunos de Design de Interiores, que me encheram de orgulho na tarde de hoje. O vestido, é da Alphorria e a estampa, feita por mim, foi criada em cima da “torre de tatlin” para a coleção da época. Nada mais apropriado.

Dia 04 - Sobre nãos...


Eu sempre tive uma super intuição. Sempre soube quando uma coisa boa está para acontecer, e consequentemente também sempre soube do contrário. Não me perguntem como, mas eu sinto, pode parecer loucura, mas atmosfera muda, o clima muda. E também não me chamem de mística ou sensitiva, isso vai além das esferas holísticas mas a verdade é que eu tenho isso desde menina.

Quando prestei o vestibular na Federal de Minas, era a primeira vez, mas eu saí da prova com uma alegria estranha...é lógico que não sabia que tinha passado, mas passei. É como se eu só precisasse de uma confirmação mesmo, pois, antecipadamente me vem a sensação...Quando fiz um processo seletivo ultra-rigoroso em várias etapas, eu saí de cada uma delas tranquila, pois sabia que tinha conseguido a vaga, ou pelo menos estava bem perto de conseguir...

E foi assim quando ia tomar um fora de namorado, ou quando fui traída, ou quando iam me demitir...vinham sempre com o mesmo papinho mole: “você é uma ótima pessoa” ou ainda “você é muito competente e talentosa mas...” e também a máxima: “você merece coisa melhor” afe...tenho horror a tudo isto!

E portanto, a resposta que eu estava esperando saiu hoje e foi só a confirmação do que eu já esperava. Não sei, sou meio psicóloga auto-didata, então, quando a pessoa já vem me elogiando e já meio que se justificando, mesmo em um processo seletivo, eu já encaro como uma derrota. E foi o que aconteceu. Mais um não para minha coleção.

Saber lidar bem com as frustrações é sinal de resiliência, maturidade emocional, de equilíbrio, e tento lutar com todas as minhas forças pra a cada frustração vivida tentar tirar alguma experiência e sair fortalecida. Mas tem dias que não dá...e me perdoem os positivistas de plantão! Não me venham falar que “fui eu que plasmei isso”! ou que “eu não tenho fé suficiente” ou ainda que faltou “acreditar mais em mim”! Pro inferno todas essas frases prontas de auto-ajuda!

Ninguém, mais do que eu queria e precisava tanto desta oportunidade! Eu queria muito. Eu precisava muito. Eu dei o meu melhor. Eu me preparei, eu estudei. Mas, mais uma vez não deu. Mais uma vez eu fico triste porque fracassei! Mais uma vez...é frustrante...é desanimador...dói fundo saber que daqui a poucos você fará 40 anos e ainda não conseguiu algo concreto! A sensação de cansaço, desânimo é desesperadora. Dói... e eu queria ser a escolhida!

Me perdoem os improprérios, os insultos, o texto ruim, aliás, não venho escrevendo sobre coisas boas há dias, mas de novo, me perdoem. Não sou do tipo mal-agradecida, mas não dá pra fazer a “conformadinha” quando você sente o mundo desmoronando em sua volta! Hoje nem um pote inteiro de Nutella vai me fazer sorrir!

Eu sei que o Universo tem bons planos pra mim, que esta porta, mesmo estreita, se abrirá pra mim um dia, mas hoje, só por hoje, preciso chorar...

LOOK 04 - Look malhaçao pra ver se endorfina o cérebro.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dia 05 - O não-texto.


Quando estudava na Belas Artes, eu tive uma disciplina que consistia em desenhar, mas numa desconstrução do desenho, partindo até para a abstração. Eu trabalha em uma gráfica e e a minha jornada era das 16 as 23 horas. E as vezes eu praticamente ia virada pra faculdade. E semana anterior ao trabalho final de avaliação do semestre, eu praticamente fiquei todos os dias até mais tarde e tive que virar alguma por conta do fechamento de uma revista quinzenal. Com isso, meu trabalho final ficou prejudicado, não porque eu não sabia o que fazer, mas porque eu não tive forças para executá-lo. Mas eu precisava apresentar alguma coisa, era final do semestre e eu não podia de forma alguma reprovar naquela matéria. Eu tinha um compromisso com o professor. E mais ainda um compromisso comigo mesma. Aí pensei: o que fazer? Eu travei as quatro rodas, eu não conseguia desenhar e aí tive a brilhante ideia para o trabalho final: apresentei um "não-trabalho" ou “o não desenho”.

Vejamos, a matéria era desenho experimental, correto? Ia para o limiar da abstração e da mediocridade, a ponto do professor pedir para gente: “hoje eu quero que vocês desenhem como se fossem idiotas”, e se era para explorar o desenho nos limites da nonsense, nada mais apropriado e pertinente que apresentar um trabalho sem desenho algum...e foi assim que eu fiz. Comecei a apresentação falando e olhando diretamente para o professor: 

“hoje eu irei apresentar o não-desenho”, isso não quer dizer que ele não esteja aqui, isto dependerá da capacidade de abstração de cada um de vocês, eu o vejo, eu o sinto, e você o verá da forma que quiser, pois ele está aqui, não concretamente, mas subjetivamente. O traços estão aqui, mas diluídos entre a atmosfera, os volumes estão aqui, mas numa densidade tão etérea que entram por nosso poros, e o importante mesmo é a sensação de estar vendo um desenho que só existirá na sua mente, com a sua visão e assim o tornará único e completamente autoral..."

O professor arregalou o olhos azuis, fez mais cara de louco ainda, e olhou pra mim, eu já esperando um zero redondo: “brilhante”! você entendeu o conceito da disciplina! E me deu 100. Ok, vocês podem pensar que fui picareta, mas na verdade, eu posso afirmar que tive mais professores picaretas na academia que os meus trabalhos. É certo que o ganhei na argumentação e no conceito (de novo ele!) e mais, eu não deixei de apresentar o trabalho e não dei nenhuma desculpa esfarrapada. Meus colegas de sala ficaram divididos, metade me odiou pra sempre, rs e a outra me deu os parabéns e até se perguntaram porque não tiveram aquela ideia antes.

Portanto...considerem este post de hoje um não-texto, um não-post. E, o interpretem da melhor forma possível, pois eu sabia que isso algum dia iria acontecer, e que eu não saberia o que escrever no blog, e que eu travaria. Mas, eu também tenho um compromisso com vocês que lêem. Me perdoem, a intenção era escrever algo bacana e inspirador...mas já sabem, tenho alma de artista, não sou mulher-maravilha, estou em todas as "TP"s que se possa imaginar, TPM, TPA (Tensão Pré Aniversário), TPT (Tensão Pré-Trabalho) e por fim, tensão e ansiedade na espera de uma resposta que só sairá amanhã.

E quando estou assim, não sai desenho, não sai linha, não sai conversa, não sai nada, e até segunda ordem, minha amiga insônia vai me acompanhar e aí terei que escrever sobre uma alegria ou mais uma frustração...

É...crescer não é fácil, escrever não é fácil, viver não é fácil, mas sobretudo saber lidar com a ansiedade ainda continua sendo um dos desafios mais difícies pra mim...


LOOK 05 - look com pegada no militarismo pra trabalhar. Hoje nem as fotos conseguiram sair boas, granulou, enfim, faz parte. 

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Dia 06 - Pra casar...


“Você não é o tipo de mulher pra casar, você é, no máximo, pra passar um tempo”.

“Se você me deixar, você acha que vai conseguir o quê? No máximo uma meia dúzia de garotões mais jovens que gostam de mulheres mais velhas porque é mais fácil de dispensá-las.”

“Você nasceu pra ser solteira, é inteligente e bonita demais pra ser casada. Um homem busca uma mulher mais simplória pra esposa”.

Há quase 3 anos atrás ouvi estas doces palavras, de uma pessoa que dizia me amar, tão profundamente que ficou comigo por 8 anos. Ok. Devem estar chocados, mas como o propósito do blog é também exorcizar demônios, não que este não esteja exorcizado, morto e enterrado, mas os exponho aqui como alerta, pois assim como passei, acredito que muitas mulheres se sujeitam a passar por todo tipo de humilhação moral somente para não ficarem sozinhas.

Auto-piedade, baixa auto-estima, insegurança fazem que em determinados momentos da vida, você realmente acredite que é um lixo e que uma pessoa está com você por caridade, te prestando um favor. Oras, faz favor! se chega a esse nível, quem não serve pra você é a pessoa que está ao seu lado e me desculpem se carreguei na tinta, se está pesado demais, mas prometo que ficará leve no final.

E ainda devem estar se perguntando como permiti isso? Permiti porque achava que amor rimava com dor, que relação rimava com anulação, que ciúme doentio era sinônimo de cuidado e proteção.  Me anulei por anos a fio, tentei ser o que eu não era, tentei provar o tempo todo que era perfeita, mas sob um crivo e num grau absurdo de exigência que o meu amor-próprio se perdeu, minha auto-estima despencou e fiquei tão destruída emocionalmente que a idéia de ser abandonada simplismente me apavorava. 

Até quando comecei a me sentir completamente sozinha, abandonada, mas com alguém dentro de casa. Aí eu percebi que aquela não era eu, que eu não estava feliz e que tinha sim, que fazer algo de bom pra mim, que tinha que correr atrás de minha felicidade, mesmo que isto implicasse nas pragas da solidão profetizadas.

Não tenho medo da solidão. Convivo muito bem comigo mesma, e sei me divertir quando quero. E não estou “fechada pra balanço”, ou ainda “fechada para o amor” tanto que, depois de três meses separada, num lugar dos mais improváveis para conhecer alguém o cupido me flechou certeiramente, e catapluft! Lá estava eu de novo, caindo de amores. Mas este foi diferente, ele era um príncipe, me tratava tão bem e me falava palavras tão doces que me faziam sonhar acordada...me enchia de mimos e presentes, era um namoro tão perfeito que a sensação de ter encontrado a “alma gêmea” era tanta, que nos comunicávamos por telepatia. Mas...como todo príncipe, não demorou muito e ele virou sapo...e me machucou uma vez:

“você é a mulher certa pra mim, mas apareceu numa hora errada”...

E depois pediu pra voltar, e eu voltei, e depois sumiu. E partiu...o meu coração e a minha vida. E doeu, como doeu, e machucou, me moeu por dentro...e fiquei um bom tempo recolhendo os caquinhos de mim mesma. E demorou muito tempo para esquecê-lo, pois como esquecer alguém tão fincado em seu coração? Como? E com o tempo eu percebi que não precisava de um príncipe, pois sempre busquei um rei.

Mas eu consegui...e hoje estou livre, pronta de novo, pra amar, incondicionalmente. Mas sei que o amor acontece quando estamos distraídos...e que não preciso procurar nas baladas obscuras da vida, ou numa mesa de bar, num desespero total de pegar qualquer um. Eu vou saber reconhecê-lo, pelo sorriso, pelo toque das mãos, pelo olhar profundo que só quem enxerga a janela da alma sabe do que estou falando. E ele vai me reconhecer  e se encontrar em mim. O amor é simples.

Eu não tenho medo de ficar pra tia, pois na verdade eu já sou, e bastante coruja com uma sobrinha única. Não tenho medo de envelhecer e perder corpo, beleza e tudo mais. Tenho medo de perder a memória, a audição, parar de desenhar. Não tenho medo de não ter filhos (meus Deus, quantas mulheres se anulam por conta do desejo da maternidade! Nem se perguntam se tem mesmo vocação para serem mães! Perdem suas vidas, vivem frustradas e se projetam na sombra dos filhos!) até porque nunca é tarde para uma criança órfã ganhar um lar. E por fim, não tenho medo de amar, atento aqui para uma correção na música do Fabio Júnior: não somos metades.Somos laranjas inteiras. Somos tampa e panela. Somos antes de tudo, indivíduos, únicos, dotados de amor-próprio suficientes pra viver uma vida inteira sem alguém.  Quem se sente incompleto ou pela metade, o nome disso não é amor, é carência.

E, se for pra viver um novo amor, que ele seja leve como uma criança que brinca, calmo como a água de um rio, iluminado como um por-do-sol, terno (e não eterno) enquanto dure e que seja lindo na mais subjetiva das belezas, na do espírito e não do corpo, pois sabemos que, nesta vida estamos aqui só de passagem.

“desejo, que você tenha alguém pra amar, e quando estiver bem cansada, ainda, existe amor pra recomeçar, pra recomeçar”... (Frejat)


LOOK 06: look temático, hoje darei aula sobre Tropicalismo, e escolhi um vestidinho multicolorido da Benedito Calixto para alegrar esse inverno.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Dia 07 - Um pouco de música...


Gosto de indie rock, é fato, mas antes de virem os rótulos sobre os diversos estilos musicais, a minha relação com a música é antiga, e desde de que me entendo por gente, sempre associei momentos de minha vida com algum tipo de som.  Desde pequena,  meus pais sempre ouviram muita música e foram muito ao cinema, e eu, de certa forma absorvi (e agradeço) esta cultura toda. Por isso acredito que bom gosto nem sempre estão ligados à idade e sim à uma cultura musical iniciada ainda dentro de casa.

Com uns quatro ou cinco anos, me lembro de um engraçado episódio que considero talvez a “primeira briga com meus pais” rs. Estavam ouvindo o disco da Rita Lee - Fruto Proibido, em uma vitrolinha vermelha (que hoje é “vintage” e meu objeto de desejo...) e, eu sempre pedia pra repetir a música “ovelha negra”. E  não adiantava, era só mudar de música, eu gritava, sem nem falar direito ainda “de novo!!!”, e aí...lógico, acabei irritando-os. Jovens e inexperientes, sem uma super-nanny  por perto pra me dar jeito, eles deram fim à vitrolinha, mas o vinil eu guardo comigo até hoje...como uma relíquia!

Num outro momento, já um pouco mais crescidinha, mais ou menos uns 8 anos, enquanto ouvia  “ABBA Gold” , dancei tanto que me desequilibrei, caí, bati com a cabeça e desmaiei na hora...tudo isso ao som de “Dancing Queen”. Bem, isso não foi tão legal...mas eu me lembro da minha mãe tentando me reanimar e o refrão indo e voltando no meu ouvido: “You can dance...You can jive...Havind the time of your life”...rs

Quando na adolescência, época de radicalismo e conflitos musicais, me enveredei pelo heavy metal e de novo, protagonizei uma briga homérica com o meu pai por não ter me deixado ir ao "Rock in Rio I" pra ver o Ozzy, o Scorpions e Iron Maiden. Eu tinha 13 anos, e não, não fugi de casa, não passei a usar drogas e não pintei o meu cabelo de roxo...se bem que, fúcsia ficaria até bom pra aquela época.

Mas eu tenho uma teoria para maturidade musical, acredito que o nosso ouvido não está preparado para ouvir certos sons, e quando atingimos uma certa idade, parece que um canal escondido se abre e passamos a naturalmente perceber outros sons antes inimagináveis. Isso aconteceu comigo com os Smiths, Cure, Joy Division, New Order, a parte boa dos anos 80 inteira, o Fleetwood Mac, Yes... tantos outros  e é claro, com os Beatles. E para sairmos da esfera do rock, foi assim com o jazz, a MPB, o samba, o chorinho, a bossa nova e outros ritmos. (não inclusos  o funk, o pagode e sertanejos universitários ou não).

Sou capaz de cair em lágrimas numa roda bem tocada de chorinho...um dos dias mais felizes que tive foi quando pude presenciar os mestres do chorinho tocando ao vivo, num grupo “fechado e secreto” de um tradicional bairro daqui.

Hoje praticamente escuto de tudo um pouco e sou capaz de sair de órbita, abstrair todo o restante da cena, literalmente viajar quando uma canção me toca no fundo d´alma. Rubem Alves, que também adora música descreve brilhantemente este sentimento do qual partilho:

 “Há músicas que contêm memórias de momentos vividos. Trazem-nos de volta um passado. Lembramo-nos de lugares, objetos, rostos, gestos, sentimentos...Lembrar-se do passado é triste-alegre...Alegre porque houve beleza de que nos lembramos. Triste porque a beleza é apenas lembrança...Não mais existe. Mas há músicas que nos fazem retornar a um passado que nunca aconteceu. É uma saudade indefinível, sentimento puro, sem conteúdo. Não nos lembramos de nada. Apenas sentimos.” (A Alegria da Música)

Sentir a música, se abrir para o novo, se permitir ouvir sons que antes não conhecia ,criar uma nova história, é se abrir para novos caminhos, novos sentimentos, novas emoções. É ressignificar um momento passado e criar sim, uma nova trilha sonora pra si mesmo.

LOOK 07:  Look basiquinho para trabalhar quentinha em tons terrosos.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Dia 08 - velha infância...


Eu vim parar em São Paulo pela primeira vez com um ano de idade, e meus pais saíram do interior de Minas com a cara, a coragem, a juventude e um bebê loiro no colo pra tentar a sorte na cidade grande. E sem conhecer nada, se estabeleceram no bairro do Brás. Um bairro antigo, operário, cheio de fábricas, e referência na área de moda e têxtil, devido ao grande número de confecções fixadas ali. Hoje muita coisa mudou, o Brás não é mais o mesmo, se tornou mais violento, um grande número de asiáticos se instalaram ali e o comércio “informal” tomou conta de tal forma que fica difícil de transitar durante o dia, e perigosíssimo de andar à noite.

Mas, na minha época da Rua Padre Lima, onde morei nos primeiros anos, e depois na Rua Xavantes e por fim na minha adolescência na Rua Miller, adquiri uma visão diferente, no mínimo peculiar...pra mim, o Brás tem gosto e cheiro de velha infância...Sim, chamamos de velha infância tudo aquilo que nos dá uma certa nostalgia, uma melancolia gostosa, uma fumacinha de "flashback" que tiramos do nosso baú de lembranças quando queremos ficar bem...pra nos sentirmos melhor, mais acolhidos.

E eu que saí com 21 anos de lá, só tenho memórias boas daquele tempo. Pra mim, o Brás tem cheiro de bala e biscoito wafer...e tem cheiro de bolo de aniversário....tem cheiro de padaria. 

Eu morava bem perto da fábricas das Balas Kids e sempre que voltava da escola, sentia um cheiro delicioso de doce de leite vindo das chaminés...Eu nem sei se essas balas ainda existem mas, até hoje eu me lembro desse cheiro, é como se eu pudesse sentí-lo.

E os biscoitos wafers, minha mãe passava comigo na fábrica da Tostines e comprava 2 sacos de “biscoitos quebrados” eram uns sacos enormes, de uns 3 kg de biscoitos que passavam um pouco do ponto no forno, ou deformavam, ou ainda se partiam, se quebraram, eles enfiavam tudo num saco e vendia super barato. Pra minha irmã e eu, era a mais pura e perfeita combinação de fartura e gulodice,rs.

O bolo de aniversário, às vezes minha mãe fazia, mas às vezes também era encomendado na “Doceria Bauducco” quando nem de longe imaginávamos que viria a ser sinônimo de panettone gostoso, era uma simples e fina confeitaria perto da rua do Hipódromo e que exalava um cheiro delicioso de essência de baunilha...

E tem também a Igreja de Santo Antônio do Pari, com o seu “bolo de Santo Antônio” que minha mãe cuidava para todo ano entupir eu e minha irmã pra não virarmos “solteironas”, rs. Bem, pra minha irmã deu certo, pra mim nem tanto...e como nunca me casei oficialmente, caso aconteça de novo, tentarei me casar na igreja dele em agradecimento à todo esforço desprendido, tadinho...rs.

E também havia os depósitos de doces, nas imediações da Av. Carlos de Campos...ah como eu adorava eles!! As caixas de doce de abóbora de coração! E os de batata-doce? Maria-mole? Dan-top? Os pacotes de pão de mel que popularmente são chamados de “cavacas” e tudo de mais açucarado que podia  ter.

Sem contar nas inúmeras padarias com os seus sonhos se desmanchando em cremes e pedindo, implorando pra serem devorados, saboreados...

Mas por que toda essa conversa fiada sobre doces? Ok, eu me criei no meio dessa gulodice e adquiri uma visão açucarada deste bairro...é certo que quando somos crianças, o nosso olhar lúdico para as coisas deixam tudo mais bonito, mais vistoso.

Mas hoje, quando retorno ao velho Brás, me sinto uma privilegiada, por ter vivido os melhores anos de minha vida, sem preocupações, sem neuras, nem dramas da vida adulta. E, ao voltar pra dar aula na escola que me formou como profissional há 20 anos atrás,  faz meu olhar se iluminar, faz um sorriso em mim se abrir, como se pudesse sim, voltar à doce infância...

LOOK 08 - como estou nostágica, look oitentinha, com direito a todo aparato de professora, com cor,  meia polaina, e se sentindo a própria Jennifer Beals...rs

domingo, 28 de julho de 2013

Dia 09 - Deslocamentos.


Recentemente em uma pesquisa, foi constatada que São Paulo é a cidade do Brasil com maior número de pessoas com transtornos mentais. Das neuroses leves às mais graves, pânico, bipolaridade, transtorno obsessivo compulsivo, depressão, ansiedade e entre tantos outros que Freud e sua turma poderia explicar bem melhor que eu.

É fato que São Paulo é um prato cheio para os psicanalistas. Oras, em uma cidade em que se gasta mais tempo para se deslocar de casa para o trabalho, ou de qualquer lugar que se queira ir, que te deixa sempre com a sensação que fracassou em uma tarefa, que não a cumpriu a tempo, que parece que quanto mais você corre, e tenta se organizar, mais as coisas se desorganizam na sua frente, não é de se espantar a confusão mental que possa causar.

É incrível a sensação de impotência que se cria, de que você chega no final do dia e pára pra pensar: nossa, eu não fiz nem a metade do que deveria ter feito! Eu não consegui...ou ainda, não deu tempo! Falta tanta coisa! Por mais cedo que acorde, e mais tarde que se deite, a sensação de pânico é enorme e você acha que parte do seu cérebro foi sugado junto com a poluição.

Basta dar uma voltinha no metrô para constatar o que estou falando, um meio de transporte que deveria ser rápido, mais parece um trenzinho turístico de parque de diversões...está cada vez mais lento, e mais deficiente. Fora o horário de rush...bem, esta expressão para horário de pico, está caindo em desuso, pois a qualquer hora que se percorra as linhas principais do metrô ou CPTM é sempre a mesma coisa, é lotado, é suado, é cheio de gente sofrida, é cheio de estudantes em busca de um futuro melhor, é cheio de trabalhador, é claustrofóbico!! E os ônibus? Levam uma eternidade parados no meio do trânsito, que não há corredor exclusivo que dê jeito.

Aí, pensamento de todo paulistano que se preze: vou comprar um carro que vai facilitar a minha vida...e aí fica preso num engarrafamento monstro por 3 horas ou mais...e tem o tal do rodízio...e tem o tal do estacionamento,  e tem o tal do flanelinha, ou “guardador” que te cobra uma facada pra dar uma “olhadinha” e aí se você não for generoso com ele, é bem capaz de quem levar a facada é você.

E onde vai parar tudo isso? No caos, na catarse emocional, na cultura do medo, nas relações doentias, e em tudo mais que uma cidade grande possa oferecer. Mas, pra todo mal, há de haver sempre uma cura, e se não dá pra mudar de cidade, tentamos mudar a postura diante da paulicéia desvairada em que vivemos. 

Passar de ator para expectador e observar a arquitetura da cidade, sorrir para as pessoas, ouvir uma música, ler um bom livro, ou simplismente pensar na vida, no que dá pra mudar, talvez sejam boas alternativas pra fazer enquanto se desloca, e é de graça, não polui, e alivia a alma ...pelo menos momentaneamente.


LOOK 09 - O frio deu uma trégua e deu pra montar um look menos pesado e mais divertido. 

sábado, 27 de julho de 2013

Dia 10 - Humor...


Eu não sou daquelas pessoas que acordam mau-humoradas, de mal com o mundo e que demoram algumas horas até reestabelecerem os seus níveis de endorfina e ficarem um pouco simpáticas.

Também não sou daquele tipo que dá patada em todo mundo só porque teve um dia ruim, descontando em alguém que não tem culpa alguma um problema que deveria ser só seu. Também não sou daquelas “de lua” – minha irmã e meu ex-marido estão inclusos nesta categoria – que você tem até medo de chegar perto por não saber qual a reação, tem medo de tomar um tiro só porque perguntou se estava tudo bem. E por fim, não tenho o transtorno bipolar, neste caso, é uma doença, a pessoa não tem culpa de ir da euforia à tristeza absoluta em segundos e isso é um mal que deve ser tratado.

Mas existem duas situações que me tiram o humor: fome e preocupação, aliás, me tiram o sono também e quantas vezes tive que sair do quentinho do edredon pra fazer uma boquinha.

Mas as preocupações, ah...essas danadas! têm sim, me tirado a vontade de sorrir. A instabilidade que venho mencionando em alguns posts, tem me tirado do sério, e, geralmente  costumo tratar os meus problemas com ironia ou sarcasmo, mas nem pra isso ando com criatividade suficiente.

Esta semana retornam as aulas, e com elas, um futuro próspero ou mais instabilidade. Parece que o meu destino mesmo é virar artista de circo de tão na corda bamba que eu ando...me perdoem o leve pessimismo, a falta de poesia, a falta de olhar lúdico, a falta de um texto bacana, mas o que pensar? O que fazer? Esperar? Esperar o que? E como? Eu tenho passado longas noites insones pensando numa maneira de sobreviver...

Não basta mandar currículos, não basta assinar sites e blogs, não basta fazer entrevistas, não basta fazer aulas-testes...O pensar positivo, é primordial numa situação destas, mas tem dias, que o fantasma do “e se” vem com tanta força que só me resta tentar dormir e sonhar com um futuro melhor, uma vida nova e diferente da realidade...

LOOK 10 – A pedidos e pra fugir da realidade, quando não quero ser eu, eu uso calças,rs. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dia 11 - Compasso de espera...


Quando morei em BH, fiz dança de salão por quase dois anos. Fui aluna bolsista e fazia praticamente todas as aulas e todos os ritmos, chegando até a passar de nível básico para o intermediário. Eu saia de um dia estressante de trabalho e ia direto pra aula, amava de paixão chegar na sala e simplismente esquecer da vida. Era a minha parte lúdica sendo exercitada.

Desde que me mudei pra cá, ou seja há quase 5 anos, eu ainda não consegui voltar a dançar, mas sempre que estou com algum problema ou aflição, eu comparo à algum ritmo de dança.

O post de hoje é sobre o tango, este lindo ritmo argentino, e de todos, é um dos mais difíceis de ser executado. O tango é uma das danças mais lindas que existe, talvez pela tensão que ele exala, é intenso, sensual, mas sobretudo dramático, sofrido.

Ele parece lento, parece simples, parece teatral, mas exige um esforço e percepção de ritmo sem igual e existe um passo, que, se você não o aprende direito, não adianta sair fazendo um oito perfeito (nota: não é quadradinho, é só 8) que todo o movimento fica comprometido, prejudicado.

Estou falando do “compasso de espera”, é o primeiro passo que aprendemos e é exatamente o mais difícil. O passo consiste basicamente em esperar o melhor momento para se movimentar. Sabemos que na dança de salão, a ordem de comando é dada pelo parceiro, o homem comanda a dama. Mas no tango, e no compasso de espera, isto é mais complicado ainda, pois envolve uma sincronia, uma antecipação de movimentos gerando uma ansiedade enorme. Se o seu parceiro vai para frente, a dama recua para trás, se ele vira pro lado, a dama vai para o lado também...e assim sucessivamente, mas sempre num ritmo e num “compasso” pré-determinado por ele.

A minha vida se transformou num eterno compasso de espera e que nem sempre, tenho a indicação correta de que direção o meu parceiro me passa para eu ir. Eu vivo com a sensação de estar pisando errado, ou às vezes pisando no pé do meu par, o que seria fatal na dança de salão.

Acontece que tem dias que o desânimo bate de tal forma e a incerteza de acertar ou errar o passo é tão grande, que  fico sempre com esta sensação, de ter dançado o tango errado, medo de não ter feito o movimento perfeito e não ter conseguido aplausos no final...confesso que dá sim, vontade de abandonar tudo, deixar o salão,  mudar de ritmo, esperar um movimento mais fácil e dançar... conforme a música do tempo...

LOOK 11 - Mais um look invernal com o casaco mais quente que possuo, e a boina de oncinha já batida nos looks daqui, para enfrentar o inverno rigororoso em SP .

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dia 12 - Rifa-se um coração...


Coisas estranhas e absurdas acontecem comigo o tempo todo, e até me emociono com isso. Hoje eu recebi um e-mail intitulado: “para alegrar a sua tarde” e nele continha três textos que falavam de amor, um da Cecília Meireles, um poema de Fernando Pessoa e outro da Clarice Lispector  o qual escolhi para reproduzir aqui.

Além disso, continha também algumas  fotos fofas de flores e crianças e em uma delas continha um buquê de flores fúcsias lindo intitulado “flores para a sua quinta” em outra, uma foto de um bebê lindo intulado “sorrindo pra você”. Num mundo onde praticamente não existe mais gentilezas e onde o que mais se vê é ninguém assumindo nada na vida, de sentimentos à faturas de cartão de crédito, isso é raro...e decerto se trata de alguém bem sensível e romântico.
  
Teria eu um admirador secreto? rs. Ou pode ter sido um engano? Talvez...mas seja lá quem foi que mandou, este e-mail veio parar na minha caixa de entrada só pra me alegrar o dia...e sendo assim, agradeço a esta pessoa que tem nome de anjo mas que não o conheço por esta ação tão gentil... (seria mais uma ação dos meus anjos da guarda? Estão mais modernos que eu imaginava, agora mandando mensagens por email!...rs). Grata,  não só por me alegrar mas também por me ajudar a traduzir o que sinto no momento:

“Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões. Um pouco inconsequente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado, coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista... Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo. Rifa-se este desequilibrado emocional que, abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: " O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer". Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e, a ter a petulância de se aventurar como poeta”. (Clarice Lispector)

LOOK 12: Depois de um e-mail destes, só me resta sair nesta tarde de quinta fria e me divertir no cinema, em tons de burgundy, que estão tão em voga neste inverno.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dia 13 - No mundo dos post-its.


Eu tenho uma pitoresca mania que só quem convive intimamente comigo acaba descobrindo. Calma, não é nada disso que vocês estão pensando e de novo alerto que é uma mania boba, e não bizarrice, até porque problemas de foro íntimo deveriam ser tratados numa sessão de terapia e não no ouvido do amigo.

Mas, voltando à mania, eu gosto de espalhar post-its pela casa. Sim, pode parecer estranho à primeira vista, e pode sim atentar quanto à minha sanidade, mas tenho plena consciência de meus atos,rs.  Eu escrevo em post-its coloridos tudo o que eu quero que aconteça de ordem material e os coloco estrategicamente colados nos locais. Se está confuso de entender, darei  exemplos: quem entra em minha casa logo vê, no “hall de entrada”  (sim, um dia será!) um post-it laranja flúor escrito “aparador vintage” ou “cômoda antiguinha fúcsia” no quarto, “microondas” na cozinha e por aí vai...

Tenho o costume de colocar tudo, de desenhos à projetos no papel, rascunhados em moleskines, pois receio em deixar meus desejos perdidos no mundo de Platão. Acredito, na minha vã filosofia, que coisas materiais não foram feitas pra ficar no mundo das idéias, no fundo da caverna, foram feitas para serem mostradas, materializadas, e principalmente, concretizadas. E se, por enquanto não disponho de poder aquisitivo necessário e uma atividade laboral estável para adquirí-las...pelo menos estão ali, escritinhas nos papéizinhos coloridos pro Universo olhar e conspirar por mim... Afinal, como diria Madonna, “living in a material world” e já que estamos aqui, temos que buscar também isso, e um lar confortável não faz mal a ninguém.

E quando as idéias ficam embaralhadas, sinto essa necessidade e, talvez, esta tenha sido a força motriz da criação deste blog, pois a mistura de dilemas, sentimentos, “draminhas de Jesus” todos embaralhados sem saber o que fazer com eles tinham, de alguma forma, de ser exorcizados e compartilhados.

Os post-its valem para coisas materiais, já quando falamos em sentimentos..., ah...estes são difíceis de exteriorizar! falta coragem, medo da rejeição...Não adianta eu colocar num post-it o quanto gosto de uma pessoa se não sei se estou sendo correspondida..., se tudo que sinto é recíproco...estes desejos bons que alimento, prefiro que continuem guardadinhos no meu mundo das idéias, pois lá, eu os imagino e eles se realizam...

LOOK 13: Ou look cebola, pois o frio que está fazendo hoje, só com muitas camadas quentinhas e alguns pontos de cor pra aguentar.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Dia 14 - Um caso de amor...


Quando o conheci, há mais ou menos 2 anos atrás, eu então com os meus 38 anos e ele, quase octogenário, de início não dei muita importância. Fui apresentada à ele por um amigo distante que na ocasião estava em São Paulo e veio me visitar. Durante o almoço, ele veio de mansinho, com uma conversa boba, mas que foi me encantando...e este meu amigo tratou logo de me alertar, que eu deveria conhecê-lo melhor, que iria me fazer muito bem, que me faria esquecer a dor e o sofrimento que estava sentindo na época por meu coração ter se quebrado em mil partículas igual quando deixamos cair um vaso lindo de cristal.

Depois deste primeiro encontro, o tempo passou e sempre quando aquela dorzinha doída voltava, eu me recorria a ele, como um amigo solidário para todas as horas, sempre pronto a me ouvir, e como ele me ouvia! E como ouvia o meu pranto...e sempre com palavras ternas e de conforto, sempre me acalmando.

O tempo passou e hoje estamos sólidos, eu, cada vez mais apaixonada por esta pessoa emblemática, amante da música e da boa prosa,  e sobretudo uma pessoa incrível, que mudou a minha vida radicalmente. Se eu tivesse o conhecido antes, muitas das dores de amores vividos e partidos não teriam acontecido. Mas, como tudo tem seu tempo, acho que este encontro foi providencial. Me fez ressurgir das cinzas, um gosto que antes estava adormecido - a leitura - e até arriscar algumas linhas pra escrever esta cartinha de amor.

Obrigada amigo querido por ter me apresentado o Rubem Alves, pois sem ele, eu jamais seria capaz de ressignificar tanta dor em tão pouco tempo e despertar pra vida.

“Mas nós somos como as lagartixas que perdem o rabo: logo um rabo novo cresce no lugar do velho . Assim é com a gente: logo a vida volta à normalidade e estamos prontos a amar de novo. A saudade doída passa a ser só uma dorzinha gostosa.” (Rubem Alves)


LOOK 14 – Frio,frio, mas muito frio e sobreposições de tons de cinza, rs

segunda-feira, 22 de julho de 2013

domingo, 21 de julho de 2013

Dia 16 - Anjos...


“Em algum lugar, pra relaxar, eu vou pedir pros anjos cantarem por mim, pra quem tem fé, a vida nunca tem fim, não tem fim. (...)Te mostro um trecho e uma passagem de um livro antigo, pra te provar que a vida é linda, dura, sofrida, carente em qualquer continente mas boa de ser vivida em qualquer lugar. Volte a brilhar, volte a brilhar! Um Vinho, um pão e uma reza, uma lua e o sol sua vida portas abertas” (O Rappa – “Anjos – pra quem tem fé”)

Devo confessar que apesar de não morrer de amores pelo O Rappa, Falcão estava inspiradíssimo quando compôs esta nova canção, que toca direto na 89 FM e que cada vez que a ouço paro pra pensar nos seus versos. Na primeira vez que a ouvi, estava sim, numa onda meio melancólica, e no mantra errado “nada dá certo pra mim”. Bastou tocar para eu prestar atenção no quanto é bela a letra, bem cantada e entonada, e rapidinho me fez esquecer as bobagens que permeavam a minha mente e lógico, evocar a figura do anjo da guarda.

O propósito aqui não é falar de religião ou fazer apologias às diversidades de crenças. Cada um tem a sua e respeito. Mas, a figura do anjo da guarda é tão presente em mim que não somente tenho-o em meu nome, em minha assinatura, mas está arraigado em minha fé.

Anjo da guarda pode ser entendido como uma força, uma energia que cada vez que precisamos, parece que está ali, do nosso ladinho, pra nos confortar...e às vezes até para nos puxar a orelha...rs, o meu trabalha dobrado para me proteger.

Taí, proteção. Desde que saímos do ventre materno, sentimos esta necessidade e ao longo da vida, quando nos vemos completamente sozinhos, ter alguém que se importa conosco é reconfortador. Não estou falando necessariamente de alguém, pessoa, mas uma força que é decorrente de nossa fé. Os anjos da guarda tentam nos proteger de várias formas, seja na forma de um livro que aparece numa estante de uma livraria e que é exatamente o que você precisava ler naquele momento, ou te deixando num sábado a noite trancada num quarto de hotel no Rio de Janeiro para que você não saia sozinha e não faça nenhuma besteira por atos impulsivos, ou ainda na forma de uma viagem desfeita às vésperas após uma briga somente porque mais tarde, aconteceria um acidente e poderia ser fatal, estes são só alguns exemplos que já tive a oportunidade de sentir a presença e a força de meu anjo atuando sobre mim.

Mas,  há também os anjos que se materializam, perdem as suas asas, viram humanos e independente da distância física, dos quilômetros percorridos Brasil afora, dos anos sem falar ou escrever uma linha sequer, te acompanham de longe, mas estão sempre ali, presentes.

Esses “anjos” reais te confortam e dão a certeza de que vale a pena sim lutar, não desistir diante das dificuldades,  te falam que “o lá de cima” não te dará um fardo mais pesado que suas costas possam carregar, ou ainda que na hora certa, pode acontecer o inesperado e mudar todo o rumo da sua vida...Que um dia você irá encontrar um amor que te mereça, não só por uma noite, mas para uma vida inteira... Eles te enchem de positividade quando você só quer chorar, largam às vezes parte de sua corrida vida pra conversar horas e horas a fio sobre as dores de amores...e te falam palavras bonitas...e te empurram pra frente, mesmo quando o desânimo sisma em bater...

Por isso, Nivs querida,  te dedico o post de hoje, mal escrito, pois foi difícil escrever para alguém que tomou sopa de letrinhas,  mas sou grata pela presença providencial e fundamental neste novo caminho traçado em minha vida.

LOOK 16: Este vestido, darei o crédito, é da Alphorria, primeira estampa e coleção que fiz, foi o primeiro trabalho em moda, uso-a pouco pois tenho um carinho muito grande por esta peça. 

sábado, 20 de julho de 2013

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dia 18 - Esperar não é preciso.


Um dos graves defeitos que tenho, e que, ainda não consegui amadurecer o suficiente, ou compreender o suficiente, é o fato de sempre esperar demais das pessoas, um agradecimento, um reconhecimento ou consideração. Sempre crio expectativas, e lógico, não precisa ser nenhum guru para saber que acabo me frustrando, pois ninguém é obrigado a fazer algo que não venha de dentro...eu sei disso, mas meu coração e cérebro insistem que não.

Aí vêm as pessoas te falarem para “não esperar nada para não se decepcionar”,”só conte consigo mesmo” ou “não crie expectativas” e blá, blá, blá...oras, se não é pra contar com as pessoas, se não é pra esperar nada de ninguém, então não precisamos viver em sociedade certo? não precisamos vivenciar as trocas das relações humanas  e poderemos  viver felizes como um “ermitão das montanhas”.

Sempre fui muito dedicada, e ainda não mensurei até que ponto isto é bom ou ruim, ou ainda o quanto me prejudica, mas a bem da verdade é que quando me proponho a fazer algo, mesmo que não saiba, tento fazer bem feito, faço com amor. E sempre foi assim, seja nos estudos, em minha vida profissional ou amorosa.

Quando conheço alguém, e este é interessante o bastante para estabelecer uma relação, veja bem: hoje a visão está tão distorcida da realidade que é comum as pessoas confundirem “relação” com “vínculo” e fugir...falo de uma relação que pode ser ela de amizade, de amor, mas sobretudo implica em “se permitir conhecer o outro melhor”, isto é praticamente impossível nas relações midiáticas de hoje.

É mais fácil você estar “num relacionamento estável com facebook” que passar um dia no parque com alguém bacana, ou uma noite inteira especial, ou ainda convidá-la para jantar...assumir uma relação virtual para 588.879.000 amigos te exime da culpa de ter que encará-la nos olhos, de ter que expor suas intenções e sentimentos. Sentimentos estes fugazes, quase sempre superficiais e frívolos. Não estou sendo pragmática, mas segundo Zygmund Bauman em seu excelente livro “Amor Líquido”,” vivemos cada vez mais numa fluidez de relações e sentimentos que, somos cada vez mais incapazes de estabelecermos vínculos com quem quer que seja...inclusive conosco mesmo”. É mais fácil posar de “legal na rede social”, onde para todos você é um “semideus” do que se encarar no espelho, e ver o quão medroso, tolo e egoísta possa vir a ser...

Talvez, este seja um dos meus maiores desafios daqui pra frente, parar de esperar tanto das pessoas que gosto, e não me frustrar mais. Parar com a mania de colocá-las num pedestal e idolatrá-las. Ser capaz de perceber que elas não são estátuas de mármore, e, quem sabe, depois de muito bater a minha cabecinha, não reconheça que, na verdade, nunca passaram de lindas estátuas de sal...

LOOK 18 - Mais um vestido quentinho, da Antix que tem as estampas mais lindas do universo! para sair arrumadinha pra jantar…

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Dia 19 - Memórias...


Em pesquisas recentes, os cientistas afirmam que o mal do século XXI será o mal de Alzheimeir, a doença da memória, pois com o aumento da expectativa de vida, as pessoas estão demorando cada vez mais para envelhecer, e, o que deveria ser um desgaste natural, acaba por se transformar num mal. Na verdade, seria como se possuíssemos um “chip cerebral”  e este, com excesso de informação ao longo da vida, não suportaria e daria pane...sem o direito à formatação. È de fato, me perdoem as toscas comparações, é uma triste constatação e já presenciei de perto os efeitos nocivos desta doença, esquecer as memórias que te construíram, as pessoas que fizeram parte da sua vida é triste, por outro lado...

Quantas vezes já não quisemos esquecer uma lembrança ruim, um desamor? Um sofrimento sem fim que o mais viável no momento seria tomar a pílula do esquecimento e só? Isso me fez lembrar de um filme lindo, que sempre recorro cada vez que me desiludo, e como me desiludo!...rsrsrs...aquele refrão “desilusão...desilusão...danço eu, dança você, a dança da solidão”...bem que poderia ter sido feito pra mim, mas, voltando ao filme, estou falando de “O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” de Michel Gondry, brilhantemente estrelado pela Kate Winslet e Jim Carrey....no filme, eles formam um casal que, depois de muitas idas e vindas recorrem ao “apagamento de suas memórias felizes” para parar de sofrer. É um filme magnífico, lúdico e que sim, figura entre os filmes de minha vida, e como sabem, conseguem arrancar lágrimas toda vez que assisto.

Não que seja uma melancólica...nasci com um prozac natural em minhas veias... mas tenho uma sensibilidade à flor da pele que algumas memórias sim, me fazem chorar...se toca alguma música, se vejo um livro e me lembra o gosto de uma pessoa, ou ainda quando eu descubro que um “suposto” amigo me colocou no restrito no facebook...rs. Ok, isso não é tão grave, mas é desnecessário, pois não sou de correr atrás de ninguém...eu corro olhando pra frente, e só.

Não vejo o porquê das pessoas segurarem suas emoções, ou guardarem suas mágoas, ou ainda mascararem seus sentimentos...porque isto? Se você gosta realmente de alguém, porque não se declara? Porquê o medo?  Ou ainda porque a falta de sinceridade? Me pouparia tempo se as pessoas fossem mais sinceras, aí eu partiria logo para a pílula do esquecimento e as deletaria de vez.

Prefiro a rejeição momentânea que à omissão absoluta. E atire a primeira pedra quem nunca quis ter a sua mente completamente apagada depois de uma insuportável dor de amor...mas o coração é o nosso órgão mais forte, ele suporta as piores dores, as piores decepções e fica firme, calejado,  batendo, forte, no compasso, no ritmo, ora num chorinho, ora num tango argentino, ora simplismente numa canção de ninar...já o nosso cérebro, se não cuidarmos dos nossos pensamentos e principalmente de nossas emoções...este sim, tadinho, não aguentará, e já que não dá pra apagar como num filme,  momentos ruins de nossas vidas, que ao menos possamos  ter a chance de reeditá-lo em uma nova versão, mais light, mais viva, mais colorida e cuidar sempre para que as próximas cenas sejam dignas de uma edição especial e em alta resolução.


LOOK 19 - Look mais formal para uma reunião de trabalho. Saia longa, camisa  e lenço servindo de cinto.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dia 20 - Corra Lola Corra.


Comecei efetivamente a correr no ano passado, quando uma amiga me apresentou a av. Braz Leme e foi paixão avassaladora. A pista de cooper em meio as árvores frondosas, a ciclovia, os jardins bem cuidados e floridos e a larga extensão me possibilitou começar com uma caminhada leve, depois passando para os trotes e até arriscando uns tiros.

No  início, eu não estava preocupada com os benefícios estéticos que a corrida viria a me proporcionar, na verdade, corria para fugir dos problemas...e não eram poucos, pois vivia um verdadeiro inferno no meu antigo emprego, o qual fui obrigada a ser algo que não ia de encontro com a minha consciência, não era da minha natureza. Eu não me reconhecia ali, e por conta de um farto salário, acabei assumindo uma personalidade que não era a minha,  vivendo então num terrível conflito interior.

Quanto mais eu ficava insatisfeita no trabalho, mais me impulsionava a fazer alguma coisa. Eu não poderia de forma alguma conservar a raiva (às vezes até ódio cheguei a sentir), a angústia (de ter que aguentar os sapos, pois não poderia ficar desempregada)  e a decepção  (de ter feito a escolha errada), além da frustração de não ter me perguntado antes se era mesmo aquilo que queria. Como eu não dispunha de resiliência suficiente, isso tudo acabou por gerar muita ansiedade e pânico dentro de mim.

Sabe o que era acordar para ir trabalhar e já pensar no final do dia? Sabe o que era ter que encarar um monte de boçais e acéfalos  e ainda ter que sorrir? Sabe o que é sofrer pelo menos alguma forma de bulling ou assédio moral quase diariamente?  Sabe o que era trabalhar sob tão forte pressão que a única saída as vezes era correr para o banheiro  e chorar? Sabia que alguma hora o meu corpo não iria resistir, já não era mais uma garotinha,  meu organismo iria reagir,e de forma negativa,  e todos sabem, que sentimentos ruins presos dentro de nós se transformam em chagas difíceis de se curar,  pior ainda quando se transformam em doenças da alma, que levamos as marcas para além túmulo.

E tudo o que eu não podia naquele momento era adoecer...e, assim que chegava em casa, estabelecia o meu ritual:  trocava de roupa, colocava o tênis, ligava o fone, escolhia  a trilha do dia e ia pra Braz..., sozinha, às vezes com uma amiga, mas na maioria das vezes eu preferia ir sozinha, eu, e os meus sentimentos ruins.

Logo no aquecimento, já sentia uma sensação diferente, uma espécie de lucidez, de razão, à qual parava sempre pra pensar que, momentos antes quase a tinha perdido...e aos poucos, passada a passada, ritmo a ritmo, fôlego a fôlego, eu me recuperava, a visão outrora turva, começava a ficar nítida, a falta de ar, o pânico anterior dava espaço para uma respiração  mais cadenciada  e aos poucos as peças do meu quebra-cabeça mental iam se encaixando e me recolando no prumo. Quantas lágrimas aquelas árvores já não viram...e os lamentos então! E os porquês!...elas me escutavam, e a sua sabedoria me reconfortavam...até a lua me observava com tamanha compaixão que, cada vez que eu olhava pro céu, parecia que  brilhava ainda mais pra mim..., correndo, fugindo e sobretudo olhando pra frente, como se pudesse traçar o meu caminho, o meu próprio destino, me sentia um pouco melhor, pelo menos naquele instante. E depois do torpor e do cansaço, vinha uma enorme sensação de prazer...

A corrida não serviu somente como uma grande válvula de escape, ela faz parte hoje do meu projeto de vida, da reavaliação de meus hábitos alimentares e cuidados com a saúde que  aliada à musculação, tem papel fundamental como ponto de equilíbrio neste atual momento de minha vida. 

Hoje, eu deixo de beber, se tiver treino no dia seguinte, eu deixo de sair num sábado à noite, se tiver uma corrida de rua no domingo de manhã. São escolhas que fiz, não pra me tornar uma atleta, mas para ter uma vida mais saudável na "maior idade".

Além disso, cada um tem a sua forma de rezar, uns precisam de um templo, outros de uma orientação, de um ritual... já a minha forma de religar à Deus, de me conectar com a sua luz maior, é no momento que estou correndo...

LOOK 20 – Vestidinho quentinho xadrez em tons de turquesa, mas pra variar, uma  écharpe fúcsia para quebrar a monotonia, rs.